Aposta em investimento e retenção de talento desceu em Portugal

Baixa competitividade do talento deve-se à falta de investimento na formação de colaboradores, fator onde Portugal é dos piores no mundo.

Portugal voltou a não figurar na linha da frente das economias mais competitivas do mundo no que respeita ao desenvolvimento, atração e retenção de talento. Segundo os resultados do ranking de Talento Mundial do IMD World Competitiveness Center 2021, divulgados esta quinta-feira, Portugal mantém a 26.ª posição, depois de já ter caído por dois anos consecutivos.

De acordo com o relatório do IMD, os resultados deste ano são acentuados pela descida do país no que respeita aos fatores de “investimento e desenvolvimento” e “preparação”, que o colocam ainda mais longe de países como a Suíça, Suécia e Luxemburgo, as três economias mais competitivas em talento a nível mundial, entre as 64 analisadas.

“Nos últimos anos, Portugal tem perdido terreno no que respeita à aposta no talento e em 2021 voltou a não conseguir inverter esta tendência negativa”, aponta o instituto suíço.

Fraca aposta na formação No fator “investimento e desenvolvimento”, a economia nacional desceu da 22.ª para a 25.ª posição, e o principal fator para a baixa competitividade continua a ser a falta de aposta das empresas na “formação dos colaboradores”, naquela que é mesmo a principal fraqueza apontada ao nosso país (60.º lugar).

Pela positiva, o estudo do IMD destaca a forte percentagem que o país apresenta ao nível da força de trabalho do sexo feminino (49,5%), relativamente à sua força laboral total.

Apesar de ter subido a nível de “atratividade”, passando do 33.º para o 30.º lugar, dos três principais fatores, este ainda é aquele onde Portugal ocupa a pior posição, muito devido à baixa classificação nos critérios de “justiça”, “motivação dos colaboradores” e “saída de pessoas com boa formação e qualificação”, explica o relatório.

Por último, no fator “preparação”, a economia nacional perdeu apenas uma posição, sendo que a principal fraqueza registada foi ao nível do baixo “crescimento da força de trabalho”, enquanto que pela positiva sobressaiu a boa pontuação da qualidade da “formação em gestão” e também ao nível das “competências linguísticas”.

Citado em comunicado, Ramon O’Callaghan, Dean da Porto Business School — escola que é parceira do IMD para Portugal na elaboração deste ranking —, defende que “os líderes e gestores das empresas devem perceber a sua responsabilidade no aumento da motivação dos colaboradores”, que, no seu entender, “é seguramente impactada por fatores como o salário, a segurança ou a qualidade de vida, mas também pelas condições que são dadas aos profissionais a nível de flexibilidade, reskilling e utilização da tecnologia mais avançada”.

Economias europeias lideram O ranking deste ano revela ainda que as economias europeias reforçaram a sua posição de liderança, ocupando todas as posições do top 10, mais duas do que em 2020. Em sentido inverso, a América do Norte, Sul da Ásia e Pacífico, Ásia Ocidental, África, e América do Sul perderam protagonismo.

Assim, a Suíça manteve o 1.º lugar, a Suécia subiu ao 2.º lugar e o Luxemburgo continua em 3º lugar.

Nos últimos cinco anos, seis das 10 economias mais bem-sucedidas em termos de competitividade de talentos têm estado na Europa Central e Oriental. Ucrânia, Hungria, Croácia, Estónia, Eslovénia e Roménia subiram pelo menos 10 lugares entre 2017 e 2021. Sendo que a Ucrânia é o país que mais melhorou, subindo 13 lugares para 46º lugar em 2021.