Quando, mesmo aborrecida, consegues sorrir ao passar pela Alegria de Natal, sempre bem posta debaixo da árvore – e alinhada cuidadosamente entre o pinheiro e o presépio, com o mesmo cuidado stressante com que Nadal arruma as suas garrafas durante um jogo de ténis – sabes que estás perante a magia da época. Ou então poderá ser só loucura. Mas isso pouca importa. Já dizia alguém: um pouco de loucura faz a vida ganhar sentido, mas se lhe disserem que é completamente louca, aí o caso muda de figura. Não deixa de ser uma linha razoável, convenhamos.
Mas a época natalícia tem esta vantagem. Se a vida vai bem, é a magia do Natal, se vai menos bem, valha-nos o pensamento da data para voltar tudo aos eixos. E, por isso, a escolher, as contrariedades bem que podiam concentrar-se todas nesta altura, que daí a uns dias o ano muda e dá-nos sempre a falsa sensação de que mudamos também. Bem, inicialmente não é uma ideia falsa. Verificamos isso normalmente umas semanas depois, ou uns meses, quando ainda estamos a querer rejeitar ou negar a situação.
Mas não tenhamos pressa em lá chegar, que agora ainda é altura da parte boa. E como o que é bom passa à velocidade a que corre Usain Bolt, o melhor é aproveitar a fase.
Altura que faz as crianças sonhar e, para quem já não se atreve a tanto, momento de saborear os sonhos. À falta de poder concretizá-los, nada como devorá-los.
Até o corte radical feito recentemente à alimentação das crianças ganha sentido. Como se já não bastasse a possibilidade tão libertadora e inocente de uma criança sonhar, imagine-se a adrenalina extra com doses de açúcar por cima.
Mas é Natal. Que não faltem alegrias e sonhos – à falta de melhor, nem que seja debaixo da árvore e sobre a mesa.
E, claro, para quem gostar, Bolo Rei ou Rainha.
Ps: Para quem se guia pelo calendário do advento e já está a comer o chocolate correspondente ao dia 27, um aviso: ainda faltam duas semanas.