Os seis homens que assaltaram o jogador do Benfica Nicolás Otamendi, na Aroeira, estiveram menos de 24 horas depois do furto frente-a-frente com guardas da GNR de Almada, Charneca da Caparica e Trafaria. Foi por pouco que os seis homens, musculados e de forte compleição física, não foram detidos, mas uma informação incorreta à GNR acabou por permitir-lhes escapar.
Os seis homens que assaltaram e usaram um cinto para apertar o pescoço ao jogador Otamendi, na sua casa na Herdade da Aroeira, conseguiram furar o cerco que tinha sido montado pelos guardas da GNR, deixando para trás um Audi A4. Ao que o i conseguiu apurar, os guardas terão recebido uma informação incorreta sobre a rua onde se encontravam os seis homens, supostamente do Leste europeu, o que permitiu aos assaltantes fugirem numa primeira fase. Fazendo lembrar um filme de gangsters, os guardas da GNR perseguiram os homens por estradas de Almada, até que os criminosos conseguiram fugir, não deixando rasto.
Recorde-se que os seis homens assaltaram Otamendi, na madrugada de domingo para segunda-feira, quando este chegava a casa na Aroeira, depois de o Benfica ter jogado em Famalicão. Os assaltantes, muito encorpados e falando espanhol e russo, obrigaram o jogador do Benfica a entrar em casa, onde estava a mulher e o filho, e usaram um cinto para o “neutralizar”, colocando o adereço à volta do pescoço do jogador. Os assaltantes terão levado, segundo avançou o Correio da Manhã, 300 mil euros em dinheiro, relógios e outros objetos de valor.
A herdade da Aroeira, onde vivem vários jogadores do Benfica e do Sporting – entre os quais Darwin Nuñez, Vertonghen, Yaremchuk, Adel Taarabt, Cebolinha e Luisão, antigo capitão do clube, Adam, guarda-redes leonino e o defesa Matheus Reis e Hugo Viana, diretor técnico do Sporting –, não é um condomínio privado, mas existe uma entrada “oficial” e não foi por aí que os seis homens entraram. Fizeram-no saltando a rede, perto da vizinha herdade da Apostiça, percorrendo o campo de golfe da propriedade, e esperaram que o jogador chegasse a casa, tendo-o manietado nesse momento. A mulher de Otamendi, que estava em casa com o filho, desligou o alarme quando percebeu que o marido tinha chegado, e foi por essa razão que não dispararam os alarmes. Depois de ter sido neutralizado pelos seis homens corpulentos, Otamendi não teve grandes hipóteses de resistir. Já no interior da casa viveu-se um verdadeiro filme de terror, com os assaltantes a exigirem dinheiro e relógios valiosos.
O sistema de vigilância interno captou os homens e, apesar de alguns levarem gorros, estão devidamente identificados. Na manhã seguinte, além da GNR, estiveram homens da Polícia Judiciária (PJ) no local, apesar de não se terem feito notar. Fonte ligada ao processo acredita que a PJ está a investigar todas as ligações de trabalhadores da casa, além de seguranças e hipotéticos empresários que tenham ligações ao jogador. Dessa forma, tentam apurar se alguém colaborou deliberadamente ou ou indevidamente com os assaltantes, pois, segundo a mesma fonte, havendo “zilionários na herdade, além de muitos outros jogadores”, não se percebe a razão para terem escolhido Otamendi. “Por que razão esperaram que ele chegasse a casa para o manietar e assaltar? Que todos os jogadores têm relógios e outras joias de valor, todos sabem. Mas como é que eles sabiam que Otamendi teria tanto dinheiro em casa?”.
Casa roubada, trancas à porta Depois do assalto, e de o jogador e a família terem ficado em pânico, o Benfica solicitou à empresa de segurança que reforçasse a vigilância à casa. Neste momento, estarão 14 homens da PM, e dois guardas da GNR à civil a vigiar a herdade, embora não resolvam um dos problemas essenciais: se as casas não tiverem o sistema de vigilância ligado a uma central de pouco servirá, já que as imagens só servem para “consumo interno”. “Quando uma casa tem um sistema de videovigilância ligado a uma central, os seguranças apercebem-se de todas as movimentações e podem logo chamar reforços. É que, numa área tão vasta, os seguranças fazem várias rondas e não estão sempre em permanência à porta do jogador A ou B, apesar do Benfica ter pedido um reforço para a casa de Otamendi e de outros jogadores”, acrescentou a mesma fonte.
Presenças suspeitas A PM, empresa de segurança que faz a proteção do Estádio da Luz e dos jogadores que vivem na Aroeira e na Verdizela, localidades que fazem fronteira, já tinha detetado vários carros suspeitos sempre que o Benfica jogava, mas há largos meses que não ocorria nenhuma assalto digno de registo na herdade. A última vítima foi o antigo guarda-redes do Benfica, Artur, que ainda vive na zona. Suspeita-se que os seis homens façam parte de uma rede internacional, já que o modus operandi é em tudo idêntico ao usado noutros assaltos a jogadores do Reino Unido e de Espanha. Também não está descartado que haja portugueses envolvidos com os seis assaltantes.
Recorde-se que, até há cerca de dois anos, havia vários assaltos entre a Aroeira e a Verdizela, mas depois da Comissão de Moradores da Herdade da Aroeira ter tomado conta do condomínio e ter contratado outra empresa de segurança, tudo mudou. Os assaltos que eram frequentes passaram a ser uma raridade, até esta semana, embora na zona se tenham encontrado vários assaltantes de catalisadores, que contêm metais preciosos como platina, paládio e ródio.