Escolas em Camarões aterrorizadas por grupos armados, diz relatório

Ilaria Allegrozzi, autora do relatório da Human Rights Watch, disse ser essencial que se cancele o boicote escolar, que inicialmente pretendia ser um protesto por injustiças contra os anglófonos.

Escolas em Camarões aterrorizadas por grupos armados, diz relatório

Separatistas armados nas regiões anglófonas dos Camarões atacaram, raptaram e ameaçaram centenas de alunos em quase cinco anos de violência sistémica – o que forçou mais de 230.000 crianças a fugirem de casa, segundo um relatório  da Human Rights Watch (HRW).

Numa análise detalhada do conflito que tem dominado as regiões de língua inglesa desde 2017, dezenas de estudantes e professores reportaram ataques brutais por grupos armados que fizeram da educação um campo de forças e de guerra na sua luta para formar o seu próprio estado.

Ilaria Allegrozzi, autora do relatório da Human Rights Watch (HRW), disse ser essencial que os líderes separatistas cancelassem o boicote escolar, que inicialmente pretendia ser um protesto por injustiças contra os anglófonos, mas que agora está "a destruir toda uma geração de camaroneses", privando-os de uma educação. "Mas o mais importante, eles também deveriam começar a reinar nos seus lutadores", disse. "Deveriam instruir os seus combatentes para pararem de atacar as escolas". As escolas não são locais que possam ser campos de batalha".

A crise nas regiões anglófonas começou no final de 2016, quando as forças de segurança camaronesas usaram a força excessiva contra manifestações lideradas por professores e advogados zangados com a perceção de marginalização da educação anglófona e dos sistemas legais. Os protestos começaram poe ser pacíficos, mas desde 2017, quando grupos separatistas armados em busca da independência das regiões anglófonas do Noroeste e Sudoeste declararam um boicote à educação, pelo menos 70 escolas foram atacadas, segundo o relatório.

Mais de 500 estudantes e pelo menos 100 profissionais da educação foram atacados. Além de se lamentar menos 11 alunos e cinco professores mortos, e dezenas de outros agredidos, assediados, e ameaçados por não cumprirem o boicote. Os combatentes separatistas também raptaram 255 estudantes, de acordo com a HRW.