Johnson entre a espada e a parede

O Partido Conservador está cada vez mais descontente com as tomadas de posição de Boris Johnson e a mais recente derrota nas eleições parlamentares parciais acentua essa posição.

A posição do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no governo está cada vez mais enfraquecida depois de uma derrota do Partido Conservador numa eleição parlamentar parcial, vista como um «barómetro» para a sua aprovação.
A candidata dos Liberais Democratas, Helen Morgan, venceu a eleição de quinta-feira no círculo uninominal de North Shropshire, com 47% dos votos, conquistando o bastião conservador, controlado por este partido há quase 200 anos, uma derrota que foi descrita pelo jornal The Telegraph como uma «humilhação».

Boris Johnson está entre a espada e a parede com os deputados do seu próprio partido, Conservador, que já tinham entrado em choque com o governante por causa das novas medidas de prevenção implementadas para conter a nova variante da covid-19, a Omicron, uma oposição que está a ser descrita como a «maior rebelião da era de Johnson».
As novas medidas implementadas em Inglaterra, designado como ‘Plano B’, alargaram o uso obrigatório de máscara na maior parte dos locais públicos fechados, o uso obrigatório do certificado de vacinação para entrada em bares e grandes eventos, nomeadamente os desportivos, a flexibilização das regras de autoisolamento para quem tenha um contacto direto de um caso Omicron, através de testes diários em vez de isolamento e a vacinação contra a covid-19 passou a ser obrigatória para o serviço de saúde britânico, assim como para os profissionais na linha da frente ou equipas de assistência social.

O Plano B apenas foi aprovado devido à mobilização da oposição, com o apoio do Partido Trabalhador, que conseguiu a luz verde depois de ser aprovado por 369 votos a favor em oposição a 126 votos contra.

Entre os que votaram contra as medidas estão 99 deputados do Partido Conservador.

Este descontentamento pode ter várias interpretações, o Guardian aponta para como o «número de rebeldes excede a maioria parlamentar de 79 lugares de Johnson» indicando, implicitamente, que este poderia ser alvo de um processo de destituição, tal como aconteceu com a antecessora, Theresa May. 

Apesar de todo a oposição que estas novas medidas levantaram, o primeiro-ministro informou que se for preciso adotar ainda mais medidas para travar a disseminação da variante Omicron, a Casa dos Comuns seria novamente sujeita a uma votação, assegurou o secretário dos Transportes, Grant Shapps.

A revolta dos conservadores é apenas mais um escândalo. O Governo de Boris Johnson tem sido alvo de duras críticas desde que se soube que o ano passado, quando os britânicos enfrentavam duras restrições devido à covid-19, deu uma festa de Natal, em violação das regras que ele próprio tinha imposto.