Insurgindo-se contra a vontade do governo e do presidente da República, o almirante António Mendes Calado assume numa mensagem publicada esta quinta-feira nas redes sociais que não sai por vontade própria.
Recorde-se que Mendes Calado sempre se opôs à reorganização das Forças Armadas, proposta pelo Governo. Nem na hora do adeus, como se entendesse que mesmo em democracia os militares têm a última palavra, volta ao assunto referindo que os que o conhecem "não entenderiam que abandonasse o leme da nossa Marinha depois de tanto resistir ao temporal que nos assolou nos últimos tempos".
António Mendes Calado sublinha que procurou "sempre liderar pelo exemplo, de plena dedicação e grande entusiasmo de servir Portugal e os portugueses" e que sai com a "confiança de uma Marinha resiliente, capaz de ultrapassar todos os desafios, focada no horizonte, espreitando o futuro e ajudando a construi-lo com inovação" para que se continue a cumprir Portugal com brio e orgulho.
Já em setembro, o ex-CEMA conduziu trabalhos que levaram a Marinha a dar um parecer negativo à proposta do Governo, tendo inclusivamente votado contra a sua própria exoneração. Ao Nascer do Sol, fontes apontaram que este ato feria a legalidade do processo e dignidade do próprio conselho.