A Europa prepara-se para um segundo ano novo à sombra da covid-19, desta vez com receio da Omicron, lançando uma série de restrições para conter o alastrar desta variante mais contagiosa. A falta de dados definitivos quanto à severidade da doença que causa, bem como da sua capacidade para contornar as vacinas, deixou governos de todo o continente indecisos quanto à necessidade de estragar mais uma data festiva.
Em França e Inglaterra – apesar das três restantes nações do Reino Unido já terem imposto restrições – continua a haver alguma hesitação, enquanto países como a Alemanha, Holanda e Bélgica apertam as normas.
Aliás, houve grande resistência entre os belgas, que sentiram o novo confinamento pela primeira vez na segunda-feira, com limites na lotação de lojas, bem como fechos de discotecas cinemas e dos salões de concertos ou galerias. Já os fogos de artifício de ano novo em Bruxelas foram cancelados
Em resposta, vários cinemas mantiveram-se abertos, num ato de desobediência civil, levando as autoridades policiais a admitir que não tinham meios para fechar todos os espaços que continuaram a funcionar.
“Precisamos disto também para a nossa saúde mental. É a única maneira das pessoas viverem experiências, contarem histórias”, salientou Michael De Kok, diretor artístico do Teatro Real Flamengo, em declarações à Euronews. “É da maior importância para nós estar aberto nestes tempos complicados e complexos”, reforçou.
Já em Inglaterra, a preocupação era exatamente o contrário, há temor de que o Governo de Boris Johnson esteja a tardar demais em introduzir restrições, obrigando a um confinamento ainda mais restritivo no futuro, com a covid-19 já completamente fora do controlo.
“Quando chegarmos ao ano novo, claro que veremos então se precisamos de tomar medidas adicionais, mas nada mais até então, pelo menos”, garantiu o ministro da Saúde britânico, Sajid Javid, segunda-feira, numa altura em que o número de novos casos diários tem batido os 100 mil. E apelando a que as pessoas celebrem o ano novo ao ar livre, no meio do gelado e chuvoso inverno britânico.
O receio é que sistemas de saúde colapsem, talvez nem tanto por excesso de pacientes nos cuidados intensivos, mas por demasiados profissionais de saúde ficarem em isolamento. Um modelo preditivo da London South Bank University, citado pelo Guardian, indicava que até 40% dos profissionais de saúde da capital britânica pudessem ficar afastados do serviço.
Entre os governos que optaram por endurecer restrições, para evitar um cenário do género, destacam-se os Países Baixos, que fecharam todos as lojas não-essenciais, restaurantes, bares e até prolongaram as férias escolares.
Já entre os nossos vizinhos espanhóis, continua a haver poucas restrições, muito graças à resistência das comunidades autonómicas, mas há uma sensação de “caos generalizado nas ruas”, descreveu o epidemiologista Mario Fontán, ao El País. Salientando a dificuldade em obter testagem para toda a gente que teve contactos de risco ou precisa de baixa médica.