Depois de ter partilhado a sua história com o auxílio de familiares e amigos, Nuno Barahona Abreu, médico cirurgião de 42 anos que ficou tetraplégico devido a um acidente, ultrapassou o objetivo de angariar 190 mil euros para adaptar a casa às suas necessidades e ir aos EUA para ser submetido a uma cirurgia ortopédica inovadora de Regeneração e Bypass Medular.
"A melhor prenda de Natal, este ano, foi termos atingido o objetivo dos 190 mil euros ainda no dia 24 de dezembro", declara, em conversa com o Nascer do SOL, Marta Barahona Abreu, irmã de Nuno. "Não só o facto de termos atingido o objetivo, mas também o apoio das pessoas que conhecem o Nuno ou que, mesmo não o conhecendo, sentiram como se tivesse sido com alguém de quem gostam", explica. "E isso foi para toda a família, mãe pai, irmãs filhos e mulher a melhor motivação para seguir este caminho longo e muito duro que temos pela frente. Como disse o Nuno ainda hoje no programa 'Casa Feliz' da SIC, esperamos poder retribuir e ser para vocês todos um bocadinho daquilo que foram para nós! Um bem-haja a todos, juntos fazemos a diferença!".
Recorde-se que o profissional de saúde foi surfar na manhã de 29 de setembro. Como o Nascer do SOL noticiou no passado dia 18 de dezembro, telefonou a amigos e ninguém teve a oportunidade de se juntar a ele. Decidiu aventurar-se no mar como sempre fizera, mas uma onda atirou-o para o fundo do mar e, quando se apercebeu daquilo que estava a acontecer, não foi capaz de mexer os membros inferiores e superiores. “Mesmo com as ondas a caírem em cima dele, conseguiu vir à superfície por causa do fato, porque boia, e foi deixando as ondas passarem-lhe por cima”, explicou Marta, lembrando que, entretanto, vários amigos e conhecidos já haviam chegado à praia de Supertubos, em Peniche, reconheceram-no e resgataram-no. Depois de ter estado internado 15 dias na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Santa Maria e mais de um mês na enfermaria de Ortopedia, o cirurgião foi transferido para o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.
"O que se sente é que podia haver mais recursos humanos e isto leva a que haja dificuldades no dia a dia, mas não há falta de empenho. Houve de facto greves, mas acho que se sentiram mais repercussões ao nível da enfermagem e das auxiliares de ação médica. A higiene é feita mas, nos dias de protesto, os doentes mais dependentes, muitas das vezes, não fazem o levante. E isso é muito duro para quem tem uma dependência. Têm o cuidado de mudar as pessoas de posição, mas a verdade é que passar muito tempo deitado aumenta a rigidez muscular, a mobilidade diminui e existem consequências psicológicas, até porque o resto dos doentes anda de um lado para o outro", narrou, no dia 19 de dezembro, Nuno, contando que este primeiro internamento, que teve início no dia 4 de novembro, tem o objetivo primordial de potenciar as suas capacidades físicas "que sobram" como a mobilidade do tronco e membros superiores e também torná-lo o máximo possível. "Para que me consiga deslocar de cadeira de rodas, mas também sentar-me e levantar-me".
Até às 18h40 daquele domingo, Nuno havia conseguido angariar 159 mil e 173 euros, ou seja, 83% do montante ambicionado para conseguir ter um quotidiano adaptado à sua nova realidade. Volvidos oito dias, através da generosidade de 5289 apoiantes, chegou aos 196 mil e 552 euros por volta das 22h desta segunda-feira. No entanto, tendo em conta que as despesas são muitas, e o profissional é casado e pai de dois filhos pequenos – de Henrique, de sete anos, e Jacinto, de seis -, a campanha estará em vigor até às 18h do dia 11 de fevereiro de 2022. Pode contribuir para esta causa aqui, clicando no ícone azul com a palavra 'Contribuir'.