De acordo com dados esta segunda-feira divulgados, a Ordem dos Enfermeiros (OE) recebeu este ano 3.013 pedidos de escusa de responsabilidade, sendo que, até novembro este número era de 1.300.
Esta declaração foi disponibilizada em janeiro deste ano para acautelar eventuais responsabilidades disciplinares, civis ou criminais dos enfermeiros face ao número de doentes que têm a seu cargo, numa altura em que os hospitais enfrentavam uma elevada pressão devido ao agravamento da pandemia de covid-19.
Em comunicado, a OE explica que os "enfermeiros, ao assinarem esta declaração, reiteram que o número de enfermeiros adequado é fundamental para salvaguardar o exercício profissional em segurança, o que manifestamente não se verifica atualmente".
A Ordem entende que o aumento do número de pedidos de escusa registado em dezembro é justificado pela "degradação dos serviços, que se acentuou nos últimos tempos, sobretudo devido à falta de enfermeiros".
Entre os pedidos recebidos este mês, a OE contabiliza novos pedidos de profissionais do Hospital de Leiria, que já ascedem os 1.590, e do serviço de Urgência pediátrica do Hospital de Vila Nova de Gaia.
Ana Rita Cavaco, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, diz, citada em comunicadado que os profissionais "não se encontram em condições de garantir a prestação de cuidados em segurança e com qualidade, nem a vida das pessoas", sublinhado que "é da vida das pessoas que estamos a falar".
A bastonária antecipa ainda que o número de declarações continue a aumentar, acrescentando que "apesar de todas as horas que já fazem a mais, os enfermeiros não conseguem chegar a todos".