Mudanças já no modelo de acompanhamento da covid-19 para evitar rutura e sobrecarga das urgências, garantir resposta a todos os doentes e tirar a máxima eficiência do sistema de Saúde. O repto ao Governo e à Direção Geral da Saúde foi deixado esta quinta-feira pelos médicos. “Há vários sistemas em disrupção, como já foi assumido pela ministra da Saúde”, disse ao i o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, depois de a Ordem ter apresentado sete propostas para o país lidar com o aumento de infeções.
O reforço vacinal urgente de quem tem mais de 65 anos, a alteração da atual matriz de risco que já não capta a situação epidemiológica para o indicador desenvolvido pela Ordem em parceria com o Instituto Superior Técnico e a libertação dos médicos de família do acompanhamento de casos de covid-19 são algumas das medidas que a Ordem considera urgentes, mudando-se o modelo de resposta à pandemia. Miguel Guimarães inste que devem ser contratadas equipas externas aos cuidados primários para acompanhamento telefónico de infetados sintomáticos em casa e que infetados assintomáticos deverão ter ao seu dispor uma linha para onde ligar em caso de agravamento ou aparecimento de sintomas. “Mesmo que seja uma variante com menor severidade, com este nível de contagiosidade vamos ter um grande impacto no serviço de saúde e por isso temos de antecipar medidas para proteger a resposta a todos os doentes, que já foi muito afetada. Já tínhamos escrito à ministra da Saúde a dizer que era urgente libertar os médicos de família. Vale a pena telefonar todos os dias a pessoas que não têm sintomas? Fazemos isto com outras doenças?”, questiona, sublinhando que está em causa adaptar uma norma que já vem de março de 2020 à situação atual. “Precisamos de agilizar procedimentos para bem de todos e, quanto mais depressa o fizermos, melhor. Uma coisa é o Governo querer esperar até dia 5 para decidir se as escolas abrem ou ficam fechadas ou se se continua em teletrabalho, outra são decisões que têm a ver com normas, reforço da vacinação e reforço da saúde pública”, diz Miguel Guimarães, defendendo também a antecipação da articulação com o setor privado e social.
Quanto ao isolamento de infetados, a posição da Ordem é que seja reduzido de 10 para sete dias, mas sempre mediante a realização de um teste negativo para ter alta.
Miguel Guimarães admite também que a opção por vacinar crianças nos primeiros fins de semana de janeiro quando há mais de 230 mil idosos com mais de 70 anos ainda sem reforço e atrasos na terceira dose dos maiores de 60 deve ser avaliada perante o risco atual. “Não se consegue fazer tudo. Neste momento é preciso seguir prioridades e é fundamental vacinar as pessoas que podem ter doença mais grave”.