Com o novo ano a espreitar e o programa de boas-vindas já conhecido para os primeiros 10 dias, a pressa de sair de 2021 continua a reunir maioria absoluta, embora o próximo capítulo comece por oferecer-nos aperitivos pouco apetecíveis. Bem, mas não será mau se, ainda assim, 2022 se revelar como um domingo de pizza, em que os únicos problemas são a obrigatoriedade de comer a sopa antes e a água ser a única bebida permitida para acompanhar a refeição. Temos que admitir que as expetativas depositadas neste ano – que está agora nas últimas horas das 8760 que nos disponibilizou – foram demasiado altas. Mas é verdade também que não fazia sentido ser de outra maneira. Agora talvez já não seja bem assim. Cada vez que algum momento nos exige um simples ‘Vai correr tudo bem’ – num assunto que pode estar ou não relacionado com a covid-19 – o corretor mental rapidamente elimina esta hipótese. E quando já não se foi a tempo de filtrar tamanho disparate, fica sempre a sensação inquietante de como o lema da pandemia será interpretado por quem o recebeu.
Perdeu-se uma boa muleta, mas é aproveitar a mudança de ano também para novas bengalas. É que se for um ano mais ligeirinho, já ficamos satisfeitos…
Certo é que, por agora, já ninguém se atreve a pensar muito sobre como vamos andar no próximo outono e os planos vão acabando por se realizarem, com mais ou menos ajustes, sejam eles uma zaragatoa aqui, um autoteste acolá e emails de farmácias que fazem acelerar o batimento cardíaco mais depressa do que uma corrida na passadeira com o tapete a rolar à velocidade 15.
E como por enquanto ainda é inverno, ainda é 2021 e a passagem de ano ainda é por si só mais do que motivo válido para celebrar, nada como aproveitar para ignorar a lista de balanços falhados e… a própria balança. Que, por esta altura, está como a gasolina e os alimentos em geral: com números proibitivos.
Até já, 2022!