Ruptura nos inquéritos epidemiológicos. Só em quatro em cada dez casos estão a ser isolados os contactos de risco

Com as equipas no limite, já só em quatro a cada dez casos estão a ser assim oficialmente avaliados e colocados em isolamento os contactos de risco. Na semana antes do Natal tinham sido rastreados e isolados os contactos de 58% dos infetados diagnosticados no país.

O relatório semanal das linhas vermelhas da Direção Geral da Saúde, divulgado esta sexta-feira, revela que entre 21 e 28 de dezembro já só foram contactados para entrar em isolamento em menos de 24 horas 61% das pessoas que testaram positivo para a covid-19 e caiu para 39% a percentagem de casos em que foi feito o rastreio e isolamento de contactos, os chamados inquéritos epidemiológicos. 

Com as equipas no limite, já só em quatro a cada dez casos estão a ser assim oficialmente avaliados e colocados em isolamento os contactos de risco. Na semana antes do Natal tinham sido rastreados e isolados os contactos de 58% dos infetados diagnosticados no país.

Como o Nascer do SOL noticia na edição deste fim de semana, há casos em que os contactos iniciais estão a demorar vários dias e outros que não chegam a acontecer, também porque as pessoas não atendem nos números que deram no momento de testagem. 

As equipas, sem capacidade para responder a tudo, têm instruções para fazer apenas três tentativas. Os contactos iniciais que não são feitos em 24 horas passam para a lista de pessoas a contactar pelas equipas alocadas aos inquéritos epidemiológicos, que já têm o maior volume de contactos em atraso, disse ao Nascer do SOL fonte ligada ao processo. No início desta semana, só na região de Lisboa, sabe o SOL, havia mais de 30 mil inquéritos pendentes.

Segundo o relatório de linhas vermelhas, neste período de sete dias, de 22 a 28, estiveram envolvidos no processo de rastreamento em média, 638 (+148 do que na semana anterior) profissionais a tempo inteiro, por dia, no continente. Como  o Nascer do SOL também noticia hoje, as equipas vão ser reforçadas na segunda-feira com mais 60 militares. Mas continuarão muito aquém do que seria necessário para manter os rácios de resposta definidos nas linhas vermelhas, completamente ultrapassadas pela atual situação epidemiológica. Para manter um rastreador para cada seis casos diagnosticados no país, as condições consideradas necessárias para avaliar e isolar os contactos, seriam necessários com o atual nível de contágio, com tendência crescente, 4000 rastreadores, estimou esta semana ao i Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

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