A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) lamenta que metade dos docentes e educadores continuem sem terem tomado a dose de reforço da vacina contra a covid-19, a seis dias do início das aulas. “Os professores exigem respeito”, diz em comunicado.
O prolongamento da interrupção letiva de Natal decidido pelo Governo para tentar conter o aumento exponencial de novos casos de infeção iniciou-se ontem e um novo adiamento – possibilidade já admitida pelos responsáveis da DGS – seria “o reconhecimento do fracasso das decisões e medidas do governo relativamente às escolas”.
Para a Fenprof, este insucesso é o resultado de três pontos que escaparam na estratégia do governo: “A falta de testagem generalizada e regular, a não integração dos docentes e outros trabalhadores das escolas no grupo de profissões prioritárias para a vacinação de reforço” e ainda “a falta de uma estratégia clara para a vacinação generalizada dos jovens e crianças”. No que diz respeito à “fraca” taxa de vacinação das crianças, a Fenprof atribui as “elevadas responsabilidades” aos governantes e autoridades de saúde pública e relembra que há um ano “repetiam que a covid-19 não era um problema naquelas idades” e “que as escolas eram um lugar seguro e não promotor de contágio”. Um ano depois, há uma volta de 180 graus nesse discurso, naquilo a que a Fenprof chama de “ziguezaguear oratório” – acusando essas mesmas entidades de agora “afirmar o contrário”.
Segundo os números da Fenprof, “por força do envelhecimento da profissão docente, cerca de metade dos professores e educadores poderá já ter sido vacinada ou agendado a vacinação, porém, todos os outros continuam a aguardar”. E para a Federação Sindical não é “aceitável” uma justificação sobre um problema que o Governo não conseguiu resolver: “o envelhecimento dos profissionais da Educação”. Os professores exigem “transparência” em relação aos impactos que a covid-19 teve (e tem) nas escolas e, devido a isso, a Fenprof volta novamente a instar o Ministério da Educação a disponibilizar as informações já por si solicitadas. A federação sindical reivindica que os professores e trabalhadores das escolas que ainda não receberam o reforço sejam chamados para a vacinação antes do início das aulas.
Ação judicial contra Ministério A Fenprof já tinha avançado com uma ação judicial para obrigar o Ministério da Educação a divulgar vários dados sobre a situação da pandemia de covid-19 nas escolas e também nos jardins de infância, devido ao silêncio do ministro Tiago Brandão Rodrigues.
A Fenprof solicitou ao ministro da Educação informações de modo a ter acesso a uma série de dados, começando pela “lista das escolas e jardins de infância em que, desde que se iniciou o ano letivo, foram identificados casos de covid-19; ao número de docentes, trabalhadores não docentes e alunos/crianças que, em cada estabelecimento, foi infetado pelo vírus SARS-CoV-2; ao número de turmas que, ao longo nos últimos 14 dias de novembro (16 a 30 de novembro), ficou em isolamento; ao número global de docentes, de alunos e de trabalhadores não docentes das escolas que, nesse período, estiveram em isolamento ou quarentena”.