Depois de ouvir os peritos, esta quarta-feira, no Infarmed, o Presidente da República mostrou-se positivo perante os dados transmitidos, sublinhando que, apesar do aumento dos contágios, a covid-19 não tem a mesma gravidade de há um ano, o que pode ser comprovado pelo número de internamentos e mortes.
“O aumento significativo do número de contágios e de casos não tem correspondência em termos de internamentos, internamentos em Cuidados Intensivos e em termos de mortes. Trouxe os números de há um ano e tínhamos 10.027 casos, 90 mortos 3.260 internamentos, três vezes mais, e 512 internamentos nos Cuidados Intensivos”, disse Marcelo, em declarações aos jornalistas no final da reunião, recordando a explicação dada pelos especialistas, destacando que a Omicron ataca, sobretudo, as vias superiores, mas mais lentamente os pulmões.
“A explicação dada pelos especialistas é simples: esta variante ataca essencialmente as vias aéreas, mas não ataca identicamente os pulmões. Portanto, tem repercussões em termos de gravidade da doença e de efeito de internamento, Cuidados Intensivos e mortes, muito inferior ao que se passava com variantes anteriores”, sublinhou.
Depois de elogiar a importância da vacinação, o chefe de Estado elogiou os portugueses, que “sempre perceberam e atuaram em conformidade”, nomeadamente no mais recente período de festas.
“A população de baixa literacia é que tem demonstrado uma elevada literacia na resposta aos apelos sanitários. Os portugueses, independentemente do grau de escolaridade, têm respondido afirmativamente, mostrando uma alta literacia no domínio da sua saúde e na dos outros”, disse, apelando a que se estimule "a autonomia da população". O Presidente concorda com uma "redução de medidas restritivas" e a manutenção da proteção dos mais vulneráveis e defende que é altura de os portugueses "assumirem uma autogestão" da pandemia, tal como foi sugerido pela especialista Raquel Duarte.
Marcelo acabou ainda por falar nas legislativas antecipadas, agendadas para 30 de janeiro, e garantiu que os poderes públicos estão a fazer o possível para mitigar o impacto da pandemia nestas eleições. O chefe de Estado acabou por revelar que o Governo pediu um parecer sobre a quebra de isolamento no ato eleitoral.
“Está a ser acautelado através do aumento significativo do número de mesas para antecipação de voto. É uma maneira de prevenir aquilo que pode vir a acontecer nas semanas seguintes”, disse, revelando depois que o Governo já pediu ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República um parecer sobre se o isolamento “impede o exercício do direito de voto ou se é possível exercer o direito de voto apesar do isolamento, isto é, suspendendo o isolamento para esse efeito”.
“Por todas as vias, os poderes públicos estão a fazer o que devem fazer para assegurar o maior número de votantes nas eleições”, assegurou.