Vacinação de crianças só continua em fevereiro

Até domingo há mais de 150 mil crianças agendadas para fazer a vacina. Na reunião do Infarmed, Penha Gonçalves revelou novo plano de vacinação mas calendário não foi divulgado.

Com milhares de crianças dos 5 aos 11 anos a vacinarem-se este fim de semana, a próxima oportunidade terminada a maratona destes quatro dias está prevista apenas para fevereiro.

Essa foi a indicação deixada na reunião do Infarmed pelo coronel Penha Gonçalves, que o Nascer do SOL procurou esclarecer junto da Direção-Geral da Saúde durante a semana dado que a última informação pública sobre o calendário de vacinação pediátrica era de que esta iria decorrer ao longo dos fins de semana de janeiro.

Em dezembro, foi apresentado um plano que previa a vacinação por ordem decrescente de faixa etária. Foi entretanto anunciado que crianças entre os 5 e 11 poderiam vacinar-se a 6, 7, 8 e 9 de janeiro, mas não que os restantes fins de semana de janeiro ficariam sem efeito. 

Na reunião do Infarmed, na última quarta-feira Penha Gonçalves, que coordena a componente logística da vacinação, indicou que a imunização de crianças vai acontecer em intervalos de três a quatro semanas, quer para primeiras tomas quer para segundas, mas o novo calendário não foi divulgado e a semana acabou sem que o Nascer do SOL conseguisse obter esclarecimentos junto dos responsáveis sobre se haverá mais oportunidades de vacinação para crianças ao longo deste mês.

«Temos um plano para vacinar (com dose de reforço) nos próximos dois meses e meio, até meados de fevereiro, as faixas etárias correspondentes aos 50 anos, que já estão a iniciar, entrando pelos 40 anos, 30 anos sucessivamente e possivelmente os jovens já só em março», afirmou Penha Gonçalves na reunião do Infarmed.

Já para as crianças, continuou, «está previsto um calendário que começa amanhã (na passada quinta-feira) e a espaços de três em três semanas ou quatro em quatro, haverá sempre oportunidades de vacinar estas crianças em primeiras ou segundas doses», disse, mostrando um gráfico que prevê três momentos de vacinação de crianças – o atual e dois em fevereiro, no início e fim do mês. 

Durante a semana, médicos ouvidos pelo i defenderam a importância de prosseguir o reforço da vacinação, incluindo das crianças, ao longo das próximas semanas. Questionado pelo Nascer do SOL sobre o plano apresentado na reunião de peritos no Infarmed, o pneumologista Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos, defende que o calendário deve ser clarificado e que no caso das crianças deve manter-se a hipótese de casa aberta ou agendamento durante o mês de janeiro, mesmo que apenas aos fins de semana. 

Esta semana, um grupo de trabalho que junta elementos do gabinete de crise da Ordem dos Médicos e a equipa de Henrique Oliveira do Instituto Superior Técnico, que projeta um pico de infeções entre 20 e 24 de janeiro podendo chegar aos 100 mil infetados/dia, defendeu numa carta aberta a aceleração do reforço dos mais vulneráveis, maiores de 65 anos mas também obesos com índice de massa corporal superior a 35, pessoas em lista de transplante independentemente da idade ou doentes crónicos e respiratórios graves.

Defendem igualmente que se antecipe a segunda toma das crianças para um intervalo de três a quatro semanas. Atualmente o que está previsto a nível nacional é um intervalo de seis a oito semanas, embora a bula da vacina pediátrica da Pfizer, que está a ser usada, preveja que a segunda toma pode ser feita com intervalos de três semanas.

Com as atuais regras, crianças que receberam a vacina em dezembro vão iniciar a segunda dose no início de fevereiro e as restantes já depois do que espera que venha a ser o período mais intenso de contágios este inverno.