Ricardo Bofill, arquiteto espanhol fundador do Taller de Arquitectura (RBTA), autor do icónico projeto Muralha Vermelha e mais de mil obras construídas em quarenta países, faleceu ontem aos 82 anos em Barcelona, segundo informações oficiais de seu escritório.
Em comunicado a empresa elogiou a capacidade de Bofill de "questionar o pensamento dominante na arquitetura". “Os seus trabalhos atravessam muitos estilos e expressões, conectam-se ao contexto, apresentando uma forte dose de inovação e risco", lê-se no documento. O escritório confirmou ainda que os seus dois filhos, Ricardo Emilio e Pablo, continuarão a comandar a empresa fundada em 1963, anunciando um “ato público”, a ser realizado nos próximos dias 26 e 27 de janeiro na sua sede em Barcelona, aberto àqueles que quiserem homenagear o artista.
Considerado um dos arquitetos mais influentes do mundo, Ricardo Bofill desenhou a Praça da Europa, no Luxemburgo, e o conjunto residencial Antigone, em Montpellier, França. Já em Portugal, um dos seus projetos mais conhecidos é o premiado Atrium Saldanha, em Lisboa, tendo também criado construções na Madeira. Em Espanha, por sua vez, desenhou o palácio Municipal de Congressos, em Madrid, as novas instalações do porto de Barcelona, e a remodelação e ampliação do aeroporto da capital catalã, onde também projetou o Teatro Nacional da Catalunha.
O ministro espanhol da Cultura e Desporto, Miquel Iceta, lamentou a morte do arquiteto, destacando que "não será nunca esquecido" graças às "joias" que deixou. "É chegado o momento de recordar o muito que fez pela arquitetura, e pela projeção internacional da Catalunha e de Espanha", salientou o ministro.
Nascido a 5 de dezembro de 1939, em Barcelona, Bofill estudou no liceu francês e depois na Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona, de onde foi expulso, em 1957, por atividades políticas, quando era membro do Partido Socialista Unificado da Catalunha.
Após esse acontecimento, mudou-se para a Suíça, onde acabou por prosseguir os estudos na Universidade de Genebra e, nos 60, abriu um estúdio de arquitetura em Barcelona em conjunto com sociólogos, além de arquitetos e engenheiros.
Com o passar do tempo, a sua arte tornou-se cada vez mais internacional, e este abriu, na década seguinte, outro ateliê, desta vez em Paris.
Os seus projetos de arquitetura e urbanismo – representantes do estilo pós-moderno da arquitetura contemporânea – estendem-se desde cidades nos Estados Unidos, Argélia, Japão, Bulgária e Marrocos.