Uma nova polémica foi instalada na vida real nos Países Baixos. O Rei da Holanda, Willem-Alexander, vai deixar de usar o coche dourado real, que tem gravada imagens de negros escravizados num dos seus lados, anunciou a alta figura, esta quinta-feira.
O coche "De Gouden Koets" já não é usado desde 2015 e puxava com recurso à força de cavalos o monarca holandês em eventos estatais.
No centro da polémica está uma fotografia onde mostra no painel do lado esquerdo do coche, chamado de "Homenagem às Colónias", uma imagem de negros ajoelhados a entregar produtos como cacau e cana-de-açúcar a pessoas brancas, com uma jovem num trono a representar a Holanda. Ao lado dela, está um jovem branco a entregar um livro a um menino negro enquanto este é apresentado pelo seu pai subserviente. Em 1896, o pintor Nicolaas van der Waay disse que aquela imagem pretendia retratar a "civilização".
"Não podemos reescrever o passado, mas podemos tentar aceitá-lo juntos. Isso também se aplica ao passado colonial", apontou o rei holandês num vídeo oficial. "O Gouden Koets só poderá ser usado quando a Holanda estiver pronta para isso. E neste momento esse não é o caso", sublinhou Willem-Alexander.
"Enquanto houver pessoas a viver na Holanda que sintam a dor da discriminação diariamente, o passado ainda lançará uma sobre o nosso tempo", assinalou o rei.
Depois de uma remodelação que demorou cinco anos, o coche real tornou-se a peça central de uma exposição na capital dos Países Baixos, em Amesterdão, sobre o passado colonial daquele país.
De referir que nos Países Baixos, como noutras nações europeias, o debate sobre o passado colonial e a escravidão ressurgiu desde o surgimento do movimento Black Lives Matter nos Estados Unidos.