Depois de Espanha ter avançado com a ideia de monitorizar a pandemia de covid-19 como se tratasse de uma gripe comum, uma fonte do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) afirmou ao jornal espanhol El País que a entidade está a avaliar a eficácia da estratégia daquele país e já encorajou mais países a seguir esta abordagem.
"O ECDC encoraja os países a fazer a transição de um sistema de vigilância de emergência para outros mais sustentáveis e orientados para objetivos", disse um porta-voz da organização. "Esperamos que mais estados-membros queiram mudar para uma abordagem de vigilância sustentável a longo prazo", vincou ao mesmo jornal.
O aparecimento da variante Omicron – considerada mais contagiosa mas menos letal seja pelas vacinas ou por anterior infeção – contribuiu para que se instalasse na Europa um debate sobre a forma como lidar com a evolução do vírus. Nesse sentido, uma das primeiras medidas implementada por vários países foi a redução do período de isolamento em vários países, tendo Portugal sido um dos países a alterar este procedimento.
Tal como em Espanha, no Reino Unido também já se pensa em tratar a covid-19 como uma doença endémica.
Mas há países, como França e Alemanha, e uma grande maioria de especialistas que consideram que ainda é cedo para pensar no vírus como uma gripe. No entanto, cada vez mais é colocada em cima da mesa a hipótese de se começar a preparar para a próxima fase da pandemia.
Ainda assim, a Comissão Europeia assume que ainda é cedo para mudar a abordagem promovida por Espanha e pelo Reino Unido, ainda que um porta-voz da comissária Stella Kyariakides tenha admitido que a "maior imunidade natural" promovida pela variante Ómicron, juntamente com a vacinação, possa ser "um primeiro passo em direção a um cenário quase endémico". "Ainda não estamos nessa fase e o vírus ainda se comporta como um perigoso vírus pandémico", salientou.
Já para o responsável pela estratégia de vacinas da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), Marco Cavalieri, a proposta apresentada pelo primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez é precipitada. "A Ómicron é altamente contagiosa e causa um alto número de pessoas infetadas. É importante não subestimá-la", sublinhou.
A OMS também não pretende mudar já de abordagem, uma vez que estimou que mais de 50% da população europeia deverá ficar infetada nas próximas seis a oito semanas.