Manuel Bento Esperança, de 72 anos, sofre de Alzheimer e está desaparecido há duas semanas

O homem residente na freguesia de Milagres, em Leiria, terá saído de casa na noite do dia 5 de janeiro e nunca mais regressou. Alguns habitantes afirmam que o terão visto num café e na estação ferroviária da cidade.

Manuel Bento Esperança, de 72 anos, terá saído de casa – na freguesia de Milagres, em Leiria – pelas 6h30 do dia 5 de janeiro e nunca mais voltou. A família indica que contactou vários jornalistas, porém, até agora, só dois jornais regionais haviam noticiado o caso.

"Disseram que com menores de idade é diferente. É uma pessoa que está desaparecida e estamos tão cansados e esgotados, já falámos com pessoas que dizem que o viram aqui ou acolá… Estamos desesperados", começa por explicar Vanda Alves, sobrinha-neta do idoso que sofre da doença de Alzheimer – doença neurodegenerativa que conduz à perda progressiva das funções cognitivas e constitui o subtipo de demência mais frequente – e estaria a usar calças de ganga e uma camisola cinzenta aquando do último avistamento.

"A PSP tem-nos ajudado muito, assim como a GNR, mas não têm pistas. Basearam-se no lugar onde o meu tio reside e nos testemunhos de fontes. Estamos a ficar angustiados porque não sabemos o que havemos de fazer. Ele ainda conseguia fazer algumas coisas, mas perdia-se no tempo e recordava coisas antigas", diz a jovem, esclarecendo que a avó – irmã de Manuel – cuidava do irmão – que vivia sozinho -, tendo a responsabilidade de controlar a toma da medicação e a realização das refeições. "Nos últimos tempos, dizia que a casa em que está não é a dele" e, por isso, terá saído vestido e calçado da habitação porque era dessa forma que dormia tendo em conta que recusava vestir o pijama.

"Ele tem o apoio domiciliário da Segurança Social, mas a minha avó verificava tudo. E já, por algumas vezes, tinha dado com ele a tentar sair de casa", localizando-o na parte de trás da residência, isto é, "onde há campo, as árvores e os cultivos. Ele sujava-se todo". "Na noite anterior, a minha avó deu-lhe o jantar e, no dia seguinte, verificou que ele já não estava lá. Foi quando começámos a perguntar às pessoas e disseram que o tinham na zona dos Pinheiros. Começaram a haver algumas pistas mas, de facto, desde dia 7 de janeiro, não temos qualquer uma", lamenta Vanda, adiantando que deixaram de ser contactados com frequência como ao início.

"Como estava a viver sozinho, saindo porta fora, ninguém vai suspeitar que está a fugir de casa. Só as pessoas mais próximas. Por aquilo que as pessoas disseram, ele ia apenas com a roupa, mas, depois, disseram que o viram com uma sacola. Foi a um café e pagou com moedas. Acho que realmente foi visto porque há duas pessoas que relataram coisas que coincidem: as horas, o dia, etc.", observa, acrescentando que uma destas fontes "se assustou" quando foi questionada porque, ao ver a fotografia de Manuel, lembrou-se de que ele tinha estado no estabelecimento anteriormente referido. "As zonas onde ele foi visto eram próximas do campo, mas também próximas da cidade de Leiria, é um misto".

"Ele tinha uma fixação pela estação de Leiria porque, há muitos anos, tinha lá as suas ligações e foi na estação e na Gândara dos Olivais que ele foi mais visto. Tivemos uma senhora, no dia 7, que tinha uma câmera de vigilância em casa, alertou-nos e vimos um senhor a passar com a roupa supostamente idêntica à do meu tio", recorda, referindo-se às gravações às quais tiveram acesso. "Mas o meu tio é alto e magrinho e o senhor parecia-nos mais baixo e robusto. Parto do princípio de que não tenha sido ele. Mas, antes desse senhor, tinha sido visto uma pessoa alta, magrinha, muito desorientada que queria ir para a estação. Julgo que a estação não tenha câmeras porque é muito antiga", lastima, frisando que nos dois primeiros dias, não existiram quaisquer notícias. "Apenas nos dias 7 e 8", afirma, declarando que, nos primeiros momentos, refletindo juntamente com a família, questionou se o idoso não teria "caído e morrido". 

"Nessa semana, choveu bastante durante a noite e pensámos: sem comer e sem se abrigar, sendo que tem diabetes, se calhar já não está entre nós. Mas, depois, a PSP e a GNR bateram as casas abandonadas, os terrenos, tudo, e não encontraram nada. Se houvesse algum cadáver, acho que alguém teria dado por isso", sublinha, adicionando que também ponderam que Manuel pode ter sido acolhido "por uma pessoa de mais idade, sem acesso a redes sociais" e, por esse motivo, continuam a desconhecer o paradeiro do homem. "Se alguém o está a ajudar, não tem acesso à Internet ou não quer comunicar que está com ele. Estamos exaustos e já não chegamos a lado nenhum".

"O meu tio consegue dizer o nome, mas dados como a morada não. As autoridades já começaram a afastar-se da zona de residência dele, mas, quando surgiram as pistas noutros locais, patrulharam mais sítios", assevera, garantindo que aproximadamente cinco dias após o desaparecimento de Manuel, "veio uma equipa especializada em mergulho, de Lisboa" que investigou a zona compreendida entre o rio Lis e a Praia de Vieira de Leiria, a foz do mesmo. "Não encontraram nada também", revela, desanimada. "A seguir pediram para os cães pisteiros virem, mas o pedido foi indeferido. Fizeram então um pedido para terem a ajuda dos cães pisteiros treinados para encontrar cadáveres e, até ao momento, não sei se o pedido foi deferido ou indeferido", admite Vanda, acusando o desgaste. 

"Ele já não tinha nenhum telemóvel, dinheiro, o que fosse. Até a chave do carro lhe foi retirada. As moedas podem ter sido pedidas a alguém logo no primeiro dia, não faço ideia. Neste momento, ele pode estar em qualquer lado: pode ter apanhado o comboio – não há ninguém a verificar o bilhete aqui –, pode ter apanhado boleia de alguém, pode estar aqui… Enfim, há inúmeras possibilidades. Queremos chegar ao maior número de pessoas possível", assume, pedindo a quem tiver informações sobre o tio que contacte a GNR – 244 830 150 – e/ou a PSP – 244 859 859 – de Leiria.