Pela primeira vez na história recente nasceram em Portugal menos de 80 mil crianças num ano. Até aqui o mínimo histórico de natalidade tinha sido registado em 2014, quando nasceram em Portugal cerca de 82 mil crianças. O balanço anual do programa de rastreio neonatal do INSA, o conhecido ‘teste do pezinho’, feito até ao sexto dia de vida dos bebés para despistar doenças genéticas e que tem uma cobertura de 99,5% a nível nacional, revela que foram rastreados 79.212 recém-nascidos em 2021, menos 6.239 do que em 2020.
Não se tratando de um balanço dos nascimentos, que são publicados com maior desfasamento pelo Instituto Nacional de Estatística INE), os dados avançados ao i pelo INSA sugerem uma expressiva quebra de natalidade e um novo mínimo histórico de nascimentos no país.
Estes 79.212 nascimentos representam ainda uma redução de 8.147 nascimentos face a 2019, ano em que foram rastreados 87.364 recém-nascidos. Até agora, o ano com menos nascimentos era 2014, quando houve registo de 82.367 bebés – mais 3.155 do que no ano passado.
Se olharmos para os dados do INE e recuarmos uma década, em 2011 nasceram em Portugal 96.856 crianças. Já em 2001, houve registo de 112.774 nascimentos.
Os dados do INSA analisados pelo i revelam ainda que setembro foi o mês de 2021 com mais nascimentos (7.255) e fevereiro aquele em que nasceram menos crianças (5.646).
Geograficamente foi no distrito de Lisboa que nasceram mais crianças no ano passado (23.494), seguido do Porto (14.736). Por sua vez, em Bragança foram rastreados apenas 513 recém-nascidos.
A análise que o i fez revela ainda que, entre 1984 e 2008, nasceram sempre mais de 100 mil crianças em Portugal. Só no ano 2000, início do século XXI, nasceram mais de 118 mil crianças.
Foi em 2009 que o país ficou fora deste parâmetro, ano em que foram rastreados 99.809 recém-nascidos. Esta quebra não foi uma tendência no ano seguinte, uma vez que houve registo de 101.716 recém-nascidos. Contudo, a partir de 2010, este valor não voltou a ficar acima de 100 mil.