Depois de ter batido com a porta do segundo maior banco suíço, António Horta Osório refugiou-se na Comporta, na companhia da sua mulher. O banqueiro português renunciou ao cargo de presidente do Credit Suisse nove meses depois de ter assumido a liderança da instituição bancária, na sequência de uma investigação interna levada a cabo pelo banco para determinar se teria ou não quebrado as regras em vigor para fazer frente à crise pandémica. Ao que o Nascer ao do SOL apurou, o considerado Special One do mundo da banca ainda não sabe qual vai ser o seu futuro. Mas, na saída do Credit Suisse, explicou os seus motivos: «Lamento que várias das minhas ações pessoais tenham levado a dificuldades para o banco e comprometido a minha capacidade de o representar interna e externamente». Estas palavras foram divulgadas em comunicado, no qual acrescentou: «Desta forma, acredito que a minha demissão tem em conta o interesse da instituição e dos seus acionistas nesta altura crucial».
No início do mês, o chairman da instituição financeira tinha anunciado que o banqueiro português iria ser repreendido formalmente pelo conselho de administração, depois de uma investigação interna ter confirmado que Horta Osório violou as regras internas sobre a covid-19, pela segunda vez. Em causa esteve a sua entrada, no final de novembro, na Suíça, violando as regras de quarentena. Uma situação que foi confirmada pelo próprio, alegando não ter sido intencional e que a viagem tinha sido reportada às autoridades de saúde suíças e ao regulador financeiro. Mas este não foi um caso inédito. O mesmo já tinha acontecido em julho, ao comparecer no torneio de ténis em Wimbledon quando deveria estar em isolamento, contrariando as normas do país. Ao que o Nascer do SOL apurou, o banqueiro não teve consciência de que estava a violar as regras.
Já nesta sexta-feira, foi revelado que Horta Osório terá violado as restrições pandémicas para assistir à final do Euro 2020 no estádio de Wembley, no Reino Unido. O jogo decorreu a 11 de julho do ano passado, ou seja, no mesmo dia que quebrou as regras da quarentena para assistir à final masculina do torneio de ténis Wimbledon, segundo o Financial Times.
Recorde-se que o banqueiro português tinha sido chamado à liderança do Credit Suisse para gerir a crise criada pelos escândalos do Greensill Capital e do Archegos Capital Management, que representaram custos para a instituição superiores a cinco mil milhões de dólares (mais de 4,3 mil milhões de euros). Aliás, a queda do Greensill foi o primeiro dos dois grandes problemas sofridos em 2021, seguindo-se logo depois o colapso da Archegos Capital Management, que o banco suíço tinha financiado com milhares de milhões de euros.
O Credit Suisse continua assim a braços com uma das piores crises desde 2008 – que Horta Osório fora chamado a resolver e, para isso, estava a implementar um conjunto de reformas internamente controversas.
No dia em que anunciou a sua saída, as ações da instituição financeira recuaram 2,26% para 9,33 francos suíços (8,94 euros).
De acordo com o Financial Times, o banqueiro terá ganho 3,66 milhões de euros durante este período de nove meses, dos quais 1,06 milhões de euros foram pagos como prémio e em cash.
Para trás ficou a liderança de 10 anos à frente do Llodys, considerado um dos maiores bancos britânicos de retalho.