São muitos os partidos candidatos, como aliás se viu. São dois os que concentram em si a escolha fundamental. Ou um, ou outro. E têm cada um o seu rosto.
Todos os demais estão interessados em dificultar-lhes a vida, em vender cara a derrota e o esquecimento. Querem demonstrar a utilidade da participação numa maioria qualquer. Querem ser damas requestadas. Ou porque a esquerda não será esquerda sem eles, ou porque a direita não existe como alternativa sem a sua presença. Esta é a querela montada.
Não a considero importante, peço desculpa. Alinhar nesta redução é adiar o País. Seja da direita ou da esquerda o facto é que se assim continuarmos dificilmente teremos futuro.
O poder tem de possuir a humildade de reconhecer que as coisas não vão bem e que, mesmo que a mão se feche com ímpeto, a areia continuará a escorrer por entre os dedos.
O Dr. Costa foi uma tentativa, no apoio, na reivindicação, na atenção prestada a alguns grupos sociais. Ficou, infelizmente por aí.
A imagem que escolheu de propagandista do orçamento calcitrin é de uma pobreza extrema. Primeiro porque o próprio orçamento é pobre. Tentou arrastar alguns e não conseguiu. Celebrou o seu isolamento. Reduziu a esperança a um conjunto de promessas.
Ora, um orçamento não é isso, não pode ser isso apenas. Serve para entreter uma campanha eleitoral, para responder, hierático e marmóreo, sempre o mesmo seja qual for pergunta, para ser uma trincheira de onde flagela o adversário com fogo concentrado.
Em quê?, perguntar-se-á. Entre a intenção atribuída de fazer a classe média pagar a saúde, da defesa da privatização da TAP, do sórdido desejo da destruição do Estado Social.
Basta, para animar a conversa. Chegará para concentrar os votos de um lado e dos temerosos.
A ideia é ser autossuficiente e, como diz Lobo Antunes, ouvir todos e fazer o que entende.
Traz atrás de si a inércia de anos de controle dos cordelinhos. Fica longe, muito longe, do que precisamos.
Só nesta nossa Europa há mais maneiras de pensar, de organizar, de decidir, de conseguir resultados.
Se aceitamos a diversidade, devemos negar o caminho único. Mas a verdade é que o outro lado não pode limitar-se a uma enunciação ou discussão em tempo curto.
A construção da alternativa exige um trabalho demorado e persistente de formulação, de afirmação, de conquista e convencimento. Não se é oposição num momento esparso.
E não, não é o contestar por contestar, ser a maquinal contradita. É, perante os grandes problemas, fazer triunfar entre a opinião da maioria um caminho outro. Ao dr. Rio cabe esta obrigação.
Só agora? Não já há muito. Será suficiente para recuperar o tempo perdido? É esta a grande questão.
Tem, agora, um partido silente e unido, foi corajoso no combate interno, é o outro termo da equação. Seja como for, no ardor do combate, entre as sombras que se esfumam, a escolha é um duelo ao pôr do Sol.
Mas, de um lado e de outro, há um desejo segredado. Não matem o Mandarim.
Nas próximas eleições, perto ou longe que sejam, tudo se esclarecerá.