O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) apela a todos os potenciais dadores que façam a sua contribuição de dádiva de sangue “numa altura particularmente exigente para a manutenção das reservas em níveis estáveis” e alerta que a pandemia de covid-19 tem demonstrado ser “uma grande dificuldade” para as doações.
“A evolução da pandemia de COVID-19, nomeadamente o elevado número de contágios das últimas semanas e respetivos isolamentos profiláticos, têm conduzido a uma grande dificuldade em manter estáveis as reservas de componentes sanguíneos”, diz o Instituto Português do Sangue e da Transplantação. Também as infeções respiratórias sazonais têm ajudado a “uma redução” do número de pessoas candidatas à dádiva de sangue. “Ambas as situações causam uma grande redução do número de dadores e o adiamento de Sessões de Colheita previamente calendarizadas.”
Assim, o IPST diz ser necessário “mobilizar” todos os possíveis candidatos que estejam em condições de ajudar à colheita de sangue – nomeadamente os que nunca deram sangue e os que não efetuam uma dádiva há mais de um ano – para que haja a “imprescindível estabilidade das reservas”. Até à data, as reservas dos hospitais e do IPST “situavam-se entre os 15 e 47 dias considerando a reserva de concentrados eritrocitários dos hospitais e entre os 4 e 37 dias considerando a reserva de concentrados eritrocitários do IPST”.
Os grupos sanguíneos mais afetados são o “O positivo”, “O negativo”, “B negativo”, “A positivo” o “A negativo”, lê-se no documento. “Os hospitais portugueses necessitam de 800 a 1000 unidades de sangue e componentes sanguíneos todos os dias”, relembra o Instituto Português do Sangue e da Transplantação. E esses componentes sanguíneos “têm um tempo limitado de armazenamento (entre 35 e 42 dias para os concentrados eritrocitários e 5 e 7 dias para as plaquetas)”.
Candidatos do sexo masculino podem contribuir com a sua dádiva “de três em três meses”, já as mulheres podem dar sangue “de quatro em quatro meses”. No final, deixa o apelo: “dar sangue é sempre ajudar a salvar vidas”.
Os desafios da colheita Maria Antónia de Oliveira, presidente do IPST, explica ao i que janeiro “é sempre o mês mais crítico do ano” no que diz respeito à dádiva de sangue. “Sou presidente há três anos e em todos os janeiros houve uma necessidade de fazer um apelo, devido às infeções respiratórias, nomeadamente da gripe”, diz. Antes da pandemia havia “uma excelente colheita” por parte dos jovens do ensino superior “nos meses de novembro e dezembro e em março e abril”. Com a chegada da covid-19 em território nacional e com o ensino à distância, tem havido “muita dificuldade” em recuperar este grupo de dadores.
O IPST, que representa 60% da dádiva em Portugal, teve, em 2021, “uma dadiva superior à de 2020, de cerca de 7,8%, e à de 2019, de cerca de 1,7%”, conta a presidente do IPST. “O ano passado foi um excelente ano de dádivas”. Maria Antónia de Oliveira salienta ainda que a colheita, em Portugal, enfrenta “múltiplos desafios” e o maior deles é “sem dúvida o envelhecimento da população”.
Os censos de 2021 mostram “um decréscimo de 2% da população portuguesa e um envelhecimento do aumento da população com 65 ou mais anos de idade associados a fluxos migratórios da população de idade ativa”. E tendo em conta que a colheita ocorre dos 18 aos 65 anos “as questões demográficas são muito importantes”.