Os resultados de um inquérito desencadeado pelo Ministério da Saúde junto dos hospitais depois de, a 12 de janeiro, o i ter noticiado o aumento de casos de doentes positivos para a covid-19 internados nos hospitais por outros motivos, o que não é discriminado nos boletins diários da Direção-Geral da Saúde, apuraram que na semana passada cerca de 40% a 45% dos doentes hospitalizados com covid-19 nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, cerca de 900 dos então 2 mil doentes hospitalizados, se encontravam nesta situação, com 60% a 65% de casos em que os internamentos se devem à covid-19.
Os dados foram fornecidos ao Nascer do SOL pela Direção-Geral da Saúde e pelo Ministério da Saúde depois de um balanço nacional solicitado nas últimas semanas, quando até aqui existiam apenas relatos feitos individualmente pelos hospitais e pelos médicos dos serviços.
Na resposta conjunta enviada ontem ao Nascer do SOL, são respondidas dúvidas colocadas nas últimas semanas sobre os boletins diários e a informação que neles consta, nomeadamente por que motivo não são distinguidos motivos de internamento nos boletins e que no caso dos óbitos diários reportados só é incluída mortalidade específica associada a complicações da infeção e não casos em que haja outro motivo de óbito. Assim, de acordo com as regras de codificação atualmente em vigor, o aumento da mortalidade que se tem verificado nas últimas semanas, mesmo que abaixo dos números do ano passado, reflete o aumento de mortes associadas à covid-19.
Análise de internamentos só é feita após a alta
A Direção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde começam por clarificar que «os internamentos reportados no relatório de situação diário correspondem aos dados remetidos pelos hospitais relativos ao total de camas ocupadas no final do dia anterior por doentes internados que testam positivo ao SARS-CoV-2, independentemente de a covid-19 ser diagnóstico principal ou secundário», acrescentando que «o diagnóstico principal do episódio de internamento é apenas dado no fim do internamento através da alta hospitalar pelo médico, sendo a análise mais exaustiva sobre estes dados realizada posteriormente, após a alta hospitalar e codificação da mesma no sistema», o que parece afastar a possibilidade de separar motivos de internamento nos boletins.
São revelados no entanto dados que até aqui não tinham sido discriminados, nomeadamente qual foi o peso de doentes internados por outros motivos em meses anteriores à atual vaga de Omicron, em que esta realidade se acentuou. «Entre janeiro e outubro 2021, cerca de 75% a 85% dos internamentos com COVID-19 tiveram como diagnóstico principal COVID-19. Para os casos internados em novembro e dezembro de 2021, as proporções são semelhantes até ao momento.
No entanto, estes últimos dados não são ainda definitivos, uma vez que nem todos os casos internados terão tido alta hospitalar ou esta alta pode ainda não ter sido codificada. Os dados relativos a janeiro deverão ser confirmados em março, com uma metodologia robusta, após a alta hospitalar e a sua codificação», indica a Direção-Geral da Saúde e o Ministério, explicando então que os dados agora disponíveis resultam do inquérito desencadeado pelo Ministério da Saúde. «Atendendo a que a codificação clínica de casos de internamento tem diferimento no tempo, o Ministério da Saúde, em articulação com a Direção-Geral da Saúde e as Administrações Regionais de Saúde, recolheu informação junto dos hospitais, na última semana, com o objetivo de perceber a dimensão de coexistência de doentes internados por COVID-19 e doentes internados por outras causas, mas com infeção para SARS-CoV-2.» Não é explicitado na resposta se este inquérito continuará a ser realizado atendendo à atual vaga.
Diagnósticos com tendência crescente
Janeiro termina com a epidemia de covid-19 a manter uma tendência crescente em todas as regiões do país e todas as faixas etárias, mas maior abrandamento face à semana passada, nomeadamente nas crianças onde os casos triplicaram no espaço de uma semana. Nos últimos sete dias, os testes positivos para a covid-19 continuaram a aumentar mas a um ritmo menor.
A nível nacional, os dados da DGS desagregados por faixa etária, que o Nascer do SOL analisou, mostram uma subida de 35% nos diagnósticos nos últimos sete dias, sendo de cerca de 57% nas crianças dos 0 aos 9 anos e de 52% no grupo dos 10 aos 19 anos, sendo nas faixas etárias mais jovens que se regista atualmente a maior incidência de novos casos.
Nestas últimas duas semanas, os diagnósticos nestas faixas etárias representaram mais de um terço dos novos casos reportados à Direção Geral da Saúde. A população mais idosa tem estado menos exposta às infeções nesta vaga da Omicron mas os diagnósticos continuam também a aumentar nos grupos mais vulneráveis, com uma subida nos maiores de 70 e 80 anos.