Sabem aqueles provérbios populares que só compreendemos verdadeiramente o seu significado quando nos deparamos com determinada situação? Ouvimos alguns vezes sem conta, mas quando, de repente, aquela frase encaixa que nem uma luva num momento exato, parece até que ganha vida. Aconteceu-me recentemente um episódio destes, com um rifão que não é dos mais elegantes e, por isso, também não interessa nada conceder-lhe aqui esse número de carateres. Mas foi mesmo aquela sensação de descoberta do exato sentido daquela máxima, pelo menos na minha perspetiva. Como se tudo se alinhasse – bem, era preferível alinhar três palavras ou imagens iguais nas slot machines dos casinos, mas nunca lá joguei e, por isso, não é uma possibilidade. Como em tudo, facilmente viriam tantos outros com lógicas igualmente racionais e válidas.
Toda esta conversa vem a propósito de uma outra descoberta igualmente pertinente. Numa discussão sobre regras de etiqueta – e discussão não é logo à partida a melhor palavra para introduzir o tema – assim, e reformulando, num debate sobre o que fazer e como fazer em ocasião X ou Y, começaram a atirar com exemplos: «No outro dia, durante um jantar ia-me saindo com uma… olha, valeu-me estar de boca cheia para não ter que engolir depois as eventuais consequências». «Opa, mas tu sempre foste assim mais impulsiva, depois perdes a tua essência». «Com o que ia dizer, mais vale perder, acredita. Até decidi passar a andar sempre com um pacotinho de bolachas para ganhar mais uns segundos». «É melhor substituíres as bolachas por frutos secos, então, se começar a ser mais recorrente sempre é mais saudável». «Até respondia, mas olha a nova técnica [come uma bolacha]».
E se Jeff Bezos e Richard Branson têm o poder de mandar quem queiram ir dar uma volta ao espaço, à falta de melhor mantemos o mesmo sentido com a versão de baixo custo e tão portuguesa do bilhar grande.
Na dúvida, agarra-se mais uma bolacha.