Por Jorge Bruno Ventura*
É uma pergunta legitima desde que em 2004 a internet passou a ter características de plataforma associadas à designação de Web 2.0. Apesar das inúmeras aplicações que a tecnologia rádio tem e que extrapolam a emissão de conteúdos sonoros em broadcast, esta última é a principal noção que nos vem à mente quando pensamos em rádio.
A regulação acompanhou os desenvolvimentos tecnológicos e a capacidade social para receber um meio que sempre privilegiou potentes emissores e a popularização dos recetores. Por isso, quando falamos em rádio são, sobretudo, as estações de rádio que se concretizam. São marcas produtoras de conteúdos sonoros que nos informam, ajudam a passar o tempo, contribuem para a nossa formação sociocultural e ensinam numa vertente rádio escola (exemplo: em tempos de primeiro confinamento a emissão da Rádio Voz da Raia, em Penamacor).
De volta à pergunta que dá título a este texto: se a resposta for aquela que durante tantos anos foi válida e que associa a rádio a uma tecnologia de sintonia, então a rádio tem os seus dias contados enquanto tivermos essa funcionalidade que tende a desaparecer mesmo no interior dos carros. Tal facto pode ser provado com outra pergunta: excetuando no carro, há quanto tempo não sintoniza uma rádio em FM, AM ou onda curta? Hoje, já não sintonizamos, os sistemas memorizam estações. Escutar rádio hoje em dia é algo que, tendencialmente, tem de ser associado ao online, ao streaming e ao podcast. É algo que pode ser proporcionado por novos produtores que não necessitam de estruturas profissionais e que se podem substituir, em alguns casos, às tradicionais estações de rádios. Posso ser eu, ou o leitor destas linhas a ter um podcast. É fácil a qualquer um produzir e difundir o seu podcast, ou até criar a sua rádio online.
Novas formas de se escutar a rádio, de distribuir e produzir conteúdos sonoros mantêm na rádio as suas características de resiliência: facilidade de produção, simplicidade na tecnologia de emissão e receção quando comparado com outros meios, possibilidade de se consumir enquanto se pratica outra tarefa e proximidade com as pessoas e específicas comunidades. A ameaça da televisão primeiro, e da internet depois, não matou a rádio, e essa anunciada morte também não se vai verificar agora, quando há um mundo de oportunidades para a criação e o entretenimento de conteúdos radiofónicos. Sejamos ouvintes proativos e com gosto por criar e descobrir a NOVA RÁDIO.
*Professor Universitário
Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação da Universidade Lusófona de Humanidades
e Tecnologias