O PSD que o país precisa

O PSD tem de falar para os portugueses e não pode repetir momentos como ocupar metade do tempo de uma campanha eleitoral a falar do gato do líder

Por João Rodrigues, Advogado, Vereador do urbanismo e Inovação da CM de Braga

Com mais ou menos votos do que em 2019, podemos considerar que o PSD sofreu, no passado domingo, a sua maior derrota eleitoral de sempre: principalmente, se atendermos ao facto de que talvez não tenha havido na história da democracia portuguesa um momento em que o espaço não-socialista tanto ansiasse por uma mudança. E esta vontade teve uma expressão bem mensurável: IL e Chega passaram de 2 para 20 deputados no hemiciclo, por força de um aumento de quase meio milhão de votos, de 2019 para 2022, no espetro à direita do PS.

O PSD conseguiu, assim, a par de um inimaginável CDS, ser o maior perdulário desta frente, reduzindo-se ainda mais naquilo que infelizmente já era: sem aproveitar esta vaga, que poderia exponenciar, conseguiu apenas continuar a ser o maior partido da oposição, com a agravante de agora o PS ter conseguido uma maioria absolutíssima, depois de 6 anos de desgaste no poder com maiorias relativas.

O PSD tem, assim e a bem do país, de mudar de vida.

O PSD tem de falar para os portugueses e não pode repetir momentos como ocupar metade do tempo de uma campanha eleitoral a falar do gato do líder. É preciso falar para o país inteiro; para os jovens; para os reformados; para os trabalhadores e para os empresários; para os que vão conseguindo lograr na vida, mas também para os que sentem dificuldades em conseguir os mínimos. É preciso falar para o norte e para o sul; para o interior e para o litoral; para o mundo urbano e para o mundo rural.

Com humildade, sem prepotência, com abertura e com política e políticas concretas que sirvam efetivamente para mudar o estado das coisas. Tem de falar para as pessoas e tem de lhes demonstrar que está apto a resolver os seus problemas. Quem quer liderar um país, não pode perder uma campanha eleitoral limitando-se a aludir às suas próprias qualidades pessoais, como se tudo o resto fossem pormenores cujo tratamento beneficiaria sempre daquele conjunto de aparentes atributos.

Os portugueses precisam de uma alternativa séria, verdadeira e atuante. Na oposição, o PSD terá de mostrar que é solução e que o país e os portugueses não estão condenados a navegar à deriva, qual jangada de pedra, tendo como timoneiro um PS de interesses sectários e caracterizado por uma absoluta incapacidade de reformar o país.

Para isto, o PSD tem de encarar com responsabilidade o momento interno que se avizinha: o muito provável ato eleitoral que temos pela frente será uma oportunidade única para que o partido se una em torno de uma liderança forte, que respeite todos os seus militantes e que se afirme diariamente como uma verdadeira alternativa ao PS.

O PSD tem, de uma vez por todas, de ser a casa de todos aqueles que não se revejam na epopeia socialista de que o país é vítima, preconizando um partido reformador e personalista, que defenda verdadeiramente a integração europeia e que garanta um novo caminho para Portugal e para os portugueses.