O país tem estado nos últimos dias com o saldo importador de eletricidade a representar 30% do consumo. Em janeiro, o peso das importações no sistema elétrico já tinha sido acima do habitual, tendo rondado os 16,4% dos 4653 GWh consumidos. Uma situação que se intensificou neste início de fevereiro, revelam os dados publicados diariamente pela REN, que o i analisou. Na sexta-feira, por exemplo, foram consumidos a nível nacional 157 GWh, dos quais 112 de produção nacional – 38% provenientes de renováveis. O saldo importador cifrou-se em 47 GWh, equivalendo a 30% do consumo. Contas feitas ao preço atual, segundo a REN, de 206,46 euros por MWh, significa um custo de cerca de 10 milhões de euros por dia em eletricidade que o país precisa de importar e não é compensada por exportações.
Este domingo, o balanço ontem disponível, as contas não eram muito diferentes (o saldo importador equivaleu a 31% do consumo), o que mantendo-se a atual trajetória poderá fazer com que fevereiro seja um dos meses com maior importação de eletricididade.
Numa altura em que volta a discussão sobre o impacto do fim do carvão, os dados publicados pela REN permitem recuar por exemplo aos primeiros meses de 2019, o período de seca continuada mais recente, em que no final de fevereiro o país estava também todo em situação de seca meterológica, mais de metade em seca severa ou moderada. Em janeiro desse ano, foram consumidos em Portugal 4816 GWh de eletricidade, sendo o saldo importador de 161 GWh (equivalente a 3,4% do consumo). Na produção nacional, as renováveis, onde se inclui a hídrica, eólica, solar, ondas e biomassa, tinham um peso de 51,5%. A produção não renovável, ativada quando as renováveis não são suficientes para a procura ou em horas que não está disponível, equivaleu a cerca de 45% do consumo, com o carvão a ser responsável por 1016 GWh na rede, cerca de um quarto do consumo.