O Feirense bateu o Farense, por 4-1, na passada terça-feira, em jogo a contar para a 21.ª jornada da Liga Sabseg, e a arbitragem da partida levantou polémica, com os algarvios a queixar-se de terem sido injustiçados em três ocasiões.
Logo no primeiro golo dos ‘fogaceiros’, o Farense acusou, em comunicado, a falta que precedeu o pontapé livre que terminou em golo de ser “muito duvidosa”. A seguir, aos 45 minutos de jogo, os ‘Leões de Faro’ pediram grande penalidade, que acabou por não ser assinalada, acusando um contacto com a mão na bola por parte de um jogador adversário na grande área, quando o resultado estava igualado. Finalmente, dois minutos depois, a polémica atingiu novamente no estádio em Santa Maria da Feira, onde o árbitro João Pinho assinalou grande penalidade a favor do CD Feirense, que resultou no segundo golo dos anfitriões. Isto num lance em que os algarvios acusaram não existir qualquer irregularidade que requeresse o castigo máximo.
Além dos três momentos polémicos durante a partida, o próprio presidente do Farense, João Rodrigues, queixou-se da atitude ‘intimidatória’ do árbitro da partida quando, no fim do jogo, se dirigiu ao mesmo. Em conversa com o i, o presidente dos ‘leões’ acusou João Pinho de ter tomado uma atitude de ameaça com expulsão quando tentava dirigir-se a ele, no final da partida, “de uma forma correta, sem exageros e sem insultos nenhuns”.
Seguindo as queixas feitas no rescaldo da partida em Santa Maria da Feira, João Rodrigues admitiu que o Farense avançará com uma queixa no Conselho de Arbitragem. “Esta manhã [ontem] falei com Fernando Gomes (presidente da FPF), Pedro Proença (presidente da Liga Portugal) e Fontanela Gomes (presidente do Conselho de Arbitragem), e vamos fazer uma queixa, conforme o regulamento da Liga, em que um clube que ache que foi prejudicado pode fazer uma contestação ao Conselho de Arbitragem sobre a prestação do árbitro”, esclareceu ao i o presidente do Farense.
Uma queixa que se segue após a derrota em Santa Maria da Feira, mas que João Rodrigues admite ser o culminar de ano e meio de situações que “prejudicaram o Farense”. Recorde-se que o clube algarvio desceu da Primeira para a Segunda Liga após fechar a época 2020-21 no 17.º lugar.
Comunicado incendiário Na quarta-feira, o Farense respondeu às polémicas com um extenso comunicado publicado nas redes sociais, onde fala do regresso dos “fantasmas do passado”.
“Num altura crucial da época 2021/22, e quando o SC Farense procurava dar continuidade à sua recuperação na tabela da Liga 2 (após dois triunfos seguidos), eis que somos surpreendidos, esta terça-feira, com uma nova arbitragem inqualificável no terreno do CD Feirense”, explica o clube algarvio, atacando o facto de o árbitro João Pinho ser da Associação de Futebol de Aveiro, “curiosamente, a mesma Associação do CD Feirense”.
Nesse mesmo comunicado, os algarvios anunciaram também entrar com uma denúncia sobre a atuação do árbitro nesta partida. “Por fim, o SC Farense informa que irá novamente denunciar as suas preocupações junto de todas as instituições que têm a obrigação de garantir uma sã competição profissional em Portugal, esperando que as mesmas não ‘caiam em saco roto’. O desempenho vergonhoso de uma equipa de arbitragem, presenciado na Feira, não deve repetir-se. Não pode repetir-se em nenhum campo. Não são aceitáveis mais palavras vãs e inócuas, sem consequências, de simples lamento e condenação. E os protagonistas que se comportem de forma incompetente e arrogante têm de ser responsabilizados. Em abono do futebol, do nosso futebol e da imagem do mesmo, cá dentro e lá fora”, conclui a nota oficial dos algarvios.
O i procurou obter uma reação por parte da SAD do Feirense, mas não obteve qualquer resposta até ao fecho desta edição.
João Rodrigues quer VAR na II Liga No rescaldo da partida em Santa Maria da Feira, o presidente do Farense sugeriu ainda que a tecnologia do VAR seja implementada na Segunda Liga, utilizando o jogo em causa como exemplo.
“Chegados aqui, e perante a sucessão de erros graves e prejuízos públicos evidentes no escalão em causa, é também o momento de considerar que a Liga Portugal e o Conselho de Arbitragem da FPF têm o dever de fazer mais. Ou seja, de trabalharem de forma célere visando a introdução da tecnologia VAR na Liga 2. Uma homogeneização que começa a tornar-se imprescindível em nome da dita verdade desportiva do nosso futebol profissional. Medida essa que o SC Farense acompanharia desde a primeira hora. Sabemos que o VAR, por si só, não resolve todos os problemas mas ajudaria certamente a reduzir o erro humano”, pode-se ler no comunicado publicado pelos algarvios nas redes sociais.
“É inevitável que, o mais breve possível, esse instrumento seja colocado à disposição dos árbitros e dos intervenientes para minorar os erros. O árbitro de ontem [terça-feira], infelizmente, com o acumular dos erros, foi perdendo o controlo emocional e do jogo. Se tivesse sido ajudado com o VAR, durante o jogo, teria evitado esses erros clamorosos e evidentes”, declarou o presidente dos algarvios. “Nesta altura, para o bem do futebol português, o investimento num apoio como o VAR tem de ser feito, comparativamente aos prejuízos e danos feitos com este tipo de situações para o futebol português”, concluiu João Rodrigues.