Uma tensão que cresce com o passar dos dias: Vários países, incluindo Portugal, aconselham cidadãos a deixar Ucrânia

Mais de uma dúzia de países, incluindo Portugal, Estados Unidos e Alemanha, aconselharam os seus cidadãos a deixar a Ucrânia. Joe Biden e Vladimir Putin estiveram novamente a conversar por chamada telefónica, onde o presidente dos EUA voltou a avisar os “custos severos e rápidos” das sanções que serão tomadas pelos EUA e os seus aliados, caso a…

Com a tensão a crescer de dia para dia, mais de uma dúzia de países, incluindo Portugal, Estados Unidos e Alemanha, aconselharam os seus cidadãos a deixar a Ucrânia, uma vez que os avisos das potências ocidentais quanto a uma iminente invasão por parte da Rússia àquele país continuam a intensificar-se. 

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, já instalou cerca de 100 mil soldados ao longo da fronteira com a Ucrânia, no entanto, nega qualquer intenção de invadir o território. 

Este sábado, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, esteve novamente à conversa por chamada telefónica com o líder Putin. Durante uma hora e dois minutos, Biden voltou a avisar os "custos severos e rápidos" das sanções que serão tomadas pelos EUA e os seus aliados. Já do lado ucraniano, o presidente do país em risco Volodymyr Zelensky disse que os avisos de invasão podem alimentar o pânico. 

Ainda que os EUA estejam preparados para resolver a questão por via diplomática, Joe Biden disse a Putin que estão "igualmente preparados" para outros cenários além da diplomacia, advertindo que a invasão poderá acontecer a qualquer momento, provavelmente a partir de mísseis. Para a Rússia, estas alegações são apenas uma "especulação provocatória". 

Para o líder norte-americano, uma invasão russa da Ucrânia causaria "sofrimento humano generalizado" e reduziria o prestígio da Rússia no mundo. 

Já o Kremlin, através de declarações à imprensa do conselheiro diplomático de Putin, Yuri Ushakov, considerou a opinião de Biden uma "histeria" quando à Ucrânia, mas acrescentou que os dois líderes decidiram "prosseguir os contactos entre ambos".

"A histeria atingiu o seu apogeu. Nos últimos dias e horas, a situação foi levada ao absurdo", apontou Ushakov, dizendo que "os americanos estão a anunciar a própria data da invasão russa e, ao mesmo tempo, alimentam a força militar da Ucrânia".

As pessoas consideradas não essenciais já foram ordenadas a abandonar a embaixada dos EUA na capital ucraniana de Kiev e os serviços consulares serão suspensos a partir de amanhã, embora permaneça "uma pequena presença consular para tratar de emergências" na cidade ocidental de Leópolis, segundo relata o jornal britânico BBC. 

O Canadá também está a transferir a sua embaixada para a mesma cidade, que se localiza perto da fronteira com a Polónia, indica a imprensa canadiana. Já a embaixadora britânica na Ucrânia Melinda Simmons disse numa publicação na rede social Twitter que ela e uma equipa estão hospedadas em Kiev.  

O Ministério dos Negócios Estrangeiros também emitiu uma nota no portal das comunidades portuguesas, na qual desaconselham "viagens para a Ucrânia que não sejam estritamente essenciais". 

"Devido à tensão militar crescente junto às fronteiras da Ucrânia, não sendo de excluir um agravamento da situação de segurança, desaconselham-se as viagens para a Ucrânia que não sejam estritamente essenciais. Caso se encontre atualmente na Ucrânia e se a sua presença não for absolutamente necessária sugere-se que pondere sair temporariamente do país", anunciou o ministério tutelado por Augusto Santos Silva. 

"Não se recomendam quaisquer viagens para a região do Donbass ou para zonas próximas da fronteira com a Federação Russa e com a Bielorrússia", realça ainda a mesma nota. 

Por outro lado, há quem prefira não tomar nenhum risco. Países como Austrália, Itália, Israel, Holanda e Japão já evacuaram o corpo diplomático e as respetivas famílias daquele país. 

No entanto, não são apenas os países ocidentais a fazer mudanças na embaixada. A Rússia também afirmou que irá "otimizar" o corpo diplomático na Ucrânia devido a "possíveis atos provocatórios do regime de Kiev ou de países terceiros".

Ainda assim, para o presidente ucraniano a possível invasão não é algo concreto nem pensa que poderá acontecer, uma vez que as potências ocidentais não têm nenhuma prova firme que aponte como certa a invasão da Rússia ao seu país. 

"Penso que há demasiada informação nos meios de comunicação social sobre uma guerra profunda e em larga escala", disse Volodymyr Zelensky, citado pela BBC. 

Mesmo com muitas embaixadas a ficarem vazias e com muitos cidadãos estrangeiros a abandonar Ucrânia, a capital ainda não se sente como uma cidade em crise. 

Segundo o jornal britânico, o governo ucraniano transmitiu, na manhã deste sábado, uma mensagem de tranquilidade e união, de modo a absterem-se de ações que minam a estabilidade e semeiam o pânico. Ainda assim, o presidente Zelensky disse que o país tinha de estar preparado para qualquer eventualidade.

 

As tensões entre o ocidente e Moscovo aumentaram sucessivamente à medida que a Rússia continou a destacar tropas ao longo da fronteira oriental da Ucrânia. As tropas russas estão também a realizar exercícios militares na Bielorrússia, a norte, enquanto os exercícios navais no mar de Azov, a sudeste, levaram a acusações de que a Rússia está a bloquear o acesso da Ucrânia ao mar.

Entretanto, a cerca de 7.500 km de distância no lado oriental da Rússia, o ministério da defesa russo disse ter avistado um submarino da marinha dos EUA dentro das suas águas territoriais. Oficiais afirmam que o submarino norte-americano estava perto das ilhas Kuril e não conseguiu vir à superfície quando recebeu instruções. No entanto, o submarino já deixou a área, indicou o ministério. O Pentágono ainda não comentou o relatório russo sobre o incidente.