Caixa, BPI e Santander lucraram quase 1,2 mil milhões em 2021

Mesmo com a constituição de provisões e com as moratórias, três das maiores instituições financeiras que operam no mercado nacional registaram lucros diários de 3,2 milhões. 

Nem a pandemia, nem as moratórias, nem a constituição de provisões penalizaram as contas de alguns dos principais bancos em Portugal. Para já, ainda só são conhecidos os resultados da Caixa, BPI e Santander – três dos cinco maiores a operarem no mercado nacional – mas os três juntos apresentaram lucros superiores a 1.188 milhões de euros, no ano passado. Feitas as contas dá uma média diária de 3,2 milhões de euros de lucro por dia. E tal como tem vindo a ser habitual, os resultados continuam assentes na redução dos custos de estrutura – com equipas cada vez mais reduzidas e menos balcões – e no aumento das comissões.

A liderar novamente o pódio está a Caixa Geral de Depósitos ao apresentar um aumento dos lucros em 18,7% para 583 milhões de euros. Ainda assim, fica aquém dos resultados apresentados antes da pandemia: em 2019 tinha registado lucros de 776 milhões de euros. 

O banco público aumentou os volumes de crédito (+3,6% para 52,5 mil milhões) e de depósitos (+9,7% para 79,7 mil milhões), ainda assim, registou uma queda de 4,3% na margem financeira, num total de 1.006 milhões de euros. A culpa deve-se, em parte, aos juros baixos. 

As receitas com comissões subiram 12,9% para 565 milhões de euros, enquanto o produto bancário aumentou 7% para 1.773 milhões de euros. 

A instituição financeira não divulgou o montante de dividendos a distribuir pelo Estado, no entanto, Paulo Macedo lembrou esta sexta-feira que pagou 584 milhões desde 2019 e que o dividendo deste ano «dependerá das conversas que o conselho de administração tiver com o acionista». Recorde-se que a proposta de Orçamento do Estado previa um dividendo de 200 milhões. Já no final de novembro, a Caixa entregou um dividendo extraordinário de 300 milhões de euros ao Estado depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter levantado a recomendação que tinha imposto aos bancos para não o fazerem devido à crise pandémica.

No início da semana, a Caixa garantiu que os seus rácios de capital «excedem os novos requisitos mínimos exigidos», depois e ter recebido luz verde por parte do BCEa autorização para recomprar 500 milhões de euros em títulos de dívida perpétuos que custam 54 milhões por ano, o que vai permitir gerar poupanças «significativas».
Também a poupança tem sido significativa em termos de estrutura. Os custos caíram 8,8% para 776 milhões de euros, com os gastos custos com pessoal e administrativos a caírem 11,5%. Aliás essa fórmula tem sido seguida pelos seus concorrentes (ver texto ao lado). 

BPI triplica
O BPI registou lucros de 307 milhões de euros em 2021, um valor que é quase o triplo face aos 105 milhões registados no ano anterior. Para João Pedro Oliveira e Costa, CEO do banco, não há dúvidas: «Os resultados saíram acima das nossas expectativas» e vai levar ao pagamento de dividendos de 194 milhões de euros, referente à atividade do ano passado.

A ajudar a estes resultados positivos estiveram tanto a atividade portuguesa como a angolana. Os recursos totais de clientes cresceram 9%, totalizando 40.305 milhões, enquanto a quota de mercado dos recursos situou-se em 11,3%. Já os depósitos de clientes aumentaram 11%, totalizando 28.872 milhões, representando 71% do ativo e constituem a principal fonte de financiamento do balanço.

A carteira de crédito à habitação aumentou para 13089 milhões de euros e a contratação de crédito hipotecário cresceu 40% face a 2020, alcançando 2.443 milhões. Também as comissões líquidas aumentaram 18% face ao período homólogo, para 288 milhões, enquanto os custos de estrutura recorrentes permaneceram quase inalterados (+0,4%), refletindo: a queda de 2.9% dos custos com pessoal e gastos gerais administrativos; e a subida de 25,8% das depreciações e amortizações, essencialmente explicada pelo investimento em software e obras em imóveis. 
 
Santander quase inalterado
Já o lucro do Santander Totta subiu apenas quase 1%, para 298,2 milhões de euros em 2021. O CEO da instituição financeira descreveu este como «mais um ano marcado pela pandemia e pelo seu impacto na economia, e foi também um ano em que consolidámos a implementação de um profundo processo de transformação», disse Pedro Castro e Almeida. A instituição financeira vai pagar dividendos de 480 milhões de euros face aos resultados de 2019.
O produto bancário subiu quase 3% para 1318 milhões de euros. Já os custos operacionais caíram mais de 8%, com os custos com pessoal a recuarem 13% para 282 milhões de euros. 

O total de crédito a clientes situou-se em 43,4 mil milhões de euros, um crescimento de 1,7% relativamente a dezembro de 2020, destacando-se o crescimento do crédito à habitação em 6%. O produto bancário, no montante de 1.318,1 milhões de euros, aumentou 2,8% face ao período homólogo, enquanto os custos operacionais totalizaram 528,7 milhões de euros, uma redução de 8,4%. 

A margem financeira, no montante de 729,6 milhões de euros, registou uma redução de 7,2% em termos homólogos, «uma evolução muito condicionada pelo contexto de taxas de juro negativas, que tocaram em mínimos em 2021 derivado à pandemia, bem como pela continuada redução dos spreads de crédito», refere o banco. Já as comissões líquidas ascenderam a 426,6 milhões de euros, um crescimento de 14,3% face ao mesmo período de 2020, refletindo, por um lado, o aumento dos níveis de transacionalidade dos clientes, «em linha com a reanimação da atividade económica, e, por outro, com a estratégia de diversificação dos recursos com maior foco em fundos e seguros financeiros, assim como na distribuição de seguros autónomos de risco».