O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, vai invocar pela primeira vez uma lei de emergência que oferece ao governo federal poderes adicionais para lidar com os protestos do “comboio da liberdade”.
Depois de se reunir com o seu gabinete e os líderes de cada província, Trudeau decidiu que iria invocar esta lei que permite um aumento dos poderes durante 30 dias de forma a lidar com uma “emergência nacional”. A lei de emergência foi criada em 1988, para substituir a Lei de Medidas de Guerra, que só foi utilizada uma vez, pelo pai de Trudeau, o ex-primeiro-ministro Pierre Elliott Trudeau, que governou durante um período que ficou conhecido como a “Crise de Outubro”, marcado pela violência entre separatistas, no Quebec, em 1970.
Esta lei permite que o governo utilize militares, mas, segundo a CBC, o primeiro-ministro não pretende utilizar as forças armadas para resolver os conflitos relacionados com o “comboio da liberdade”.
A decisão de Trudeau foi revelada no mesmo dia que a ponte Ambassador, em Windsor, uma importante via de ligação entre os Estados Unidos e o Canadá, responsável por 25% das trocas comerciais entre os dois países, e um dos principais pontos desta manifestação, foi reaberta para circulação, marcando o fim dos protestos neste local, ao fim de seis dias.
A reabertura da ponte aconteceu depois de a polícia começar a lançar avisos, no domingo, de que iria deter todos os presentes no bloqueio. A maioria dos manifestantes e os veículos abandonaram o local durante a tarde, os que não o fizeram acabaram mesmo detidos e as viaturas apreendidas. Durante a meia-noite a ponte estava novamente operacional.
Segundo o Guardian, os acontecimentos em Windsor estão a colocar pressão adicional sobre as autoridades para resolver os maiores protestos, nomeadamente, em Otava, que chegou a um “nível sem precedentes”, escreve o jornal inglês.
Estes protestos fazem parte do movimento “comboio da liberdade”, que começou como uma reivindicação de camionistas canadianos e tornou-se um protesto mais alargado contra medidas sanitárias e o Governo do país, o que levou o presidente da Câmara de Otava a afirmar que a capital está “fora de controlo”.
Depois de também ter influenciado protestos nos Estados Unidos, este movimento já chegou à Europa. Em França, mobilizou cerca de 32 mil pessoas, resultando na paralisação do tráfego automóvel em Paris, enquanto 7.200 polícias e gendarmes, polícia paramilitar, eram colocados no terreno, segundo a Reuters, tentando quebrar o bloqueio. 97 pessoas foram detidas.
Agora, a próxima paragem do “comboio da liberdade” é Bruxelas, onde os manifestantes esperam conseguir chamar a atenção dos líderes da União Europeia para que sejam levantadas as restrições contra a pandemia.
As autoridades belgas, que proibiram o protesto, procuram controlar os manifestantes e já colocaram nas ruas centenas de agentes policiais.