Apesar dos protestos e dos bloqueios terem começado a dissipar em várias partes do Canadá existe um foco que continua envolto de tensão: Otava, capital do país, onde as autoridades enfrentam cada vez mais tensão para resolver esta questão, entregando avisos aos camionistas para desobstruir as estradas ou terão de enfrentar as consequências.
Estes protestos, que fazem parte do movimento “Comboio da Liberdade” – e que começou como uma reivindicação de camionistas canadianos, tornando-se num protesto mais alargado contra medidas sanitárias – já duram há 20 dias, com manifestantes a bloquear com os seus veículos lugares como Parliament Hill, onde se encontram os edifícios do parlamento canadiano.
Numa altura em que vários protestos começam a terminar, por exemplo, na ponte Ambassador, com camionistas a bloquearem uma das mais importantes vias de comércio entre o Canadá e os Estados Unidos, as autoridades de Otava distribuíram panfletos com avisos aos manifestantes afirmando que iam começar a destruir as barricadas.
“Deve abandonar a área agora”, podia ler-se no folheto, citado pelo Guardian, que reportou que os manifestantes rasgaram os avisos ou atiraram-nos para o chão. “Qualquer pessoa que continue a bloquear as ruas ou que ajude outros nos bloqueios está a cometer uma ofensa criminal e poderá ser preso”.
Este “ultimato” chega depois de, na segunda-feira, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, ter invocado pela primeira vez uma lei de emergência que oferece ao Governo federal poderes adicionais para acabar com os protestos do “Comboio da Liberdade”.
O primeiro-ministro alertou que não ia recorrer às forças armadas para acabar com o protesto e o delegado da polícia de Otava afirmou que, agora que tem os reforços necessários, as autoridades têm tudo para terminar este bloqueio, contudo, a demora em resolver estes protestos suscitou a fúria dos cidadãos, levando ao despedimento do chefe da polícia da capital canadiana, Peter Sloly.
Alerta de ataque O ministro da segurança pública canadiano, Marco Medicino, alertou para as ligações entre estes protestos e os grupos extrema-direita que foram condenados, no início desta semana, por, alegadamente, estarem envolvidos num plano para matarem agendas da polícia.
“Vários indivíduos na vila de Coutts têm fortes laços com uma organização de extrema-direita com líderes que estão em Otava”, disse o ministro a repórteres na quarta-feira, escreveu o jornal inglês.
Estas detenções aconteceram depois de a polícia ter desmantelado uma das barricadas na fronteira, onde também encontraram mais de uma dúzia de revólveres e espingardas, uma caixa de munições e armaduras. Quatro dos homens presos estão a ser acusados de conspirar para matar vários policias da Real Polícia Montada do Canadá e civis.