‘Imagem quase de guerra’ em Petrópolis

Foram reportadas pelo menos 120 mortes e mais de uma centena de pessoas estão desaparecidas em Petrópolis, onde chuvas torrenciais provocaram uma gigantesca enxurrada.

O Brasil está a viver uma «catástrofe muito grande», reconheceu o Presidente Jair Bolsonaro, depois das fortes chuvas que atingiram Petrópolis, cidade no Rio de Janeiro, e que provocaram, pelo menos, 120 mortes.

«Lamentamos e pedimos a Deus que conforte todos os familiares. Faremos o possível para minimizar o sofrimento do povo brasileiro», disse Bolsonaro, na base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, a cerca de 70 quilómetros de Petrópolis, depois de chegar de uma viagem à Rússia e à Hungria.

Acompanhado por vários ministros do Governo, incluindo o ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto, que informou que cerca de 820 membros das Forças Armadas estão mobilizados na região para ajudar as vítimas, o Presidente sobrevoou as áreas afetadas pela tempestade destruidora que atingiu a região nos últimos dias, deixando 120 mortos e mais de uma centena de desaparecidos.

A chuva que assolou a cidade montanhosa foi a pior registada desde 1932, quando começou a ser medida a precipitação pelo Instituto Nacional de Meteorologia.

Na tarde de quinta-feira, uma nova tempestade causou inundações em vários pontos da cidade e obrigou alguns bairros a serem evacuados devido ao risco de mais deslizamentos de terra.

De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Civil, há 372 desalojados. Até o momento, foram resgatadas 24 vítimas com vida, enquanto 705 pessoas foram encaminhadas para os 33 pontos de apoio montados na cidade.

«Vimos pontos de uma intensa destruição, regiões onde existiam casas e um estrago causado pela erosão. É uma imagem quase de guerra. Tivemos noção da gravidade do que aconteceu aqui em Petrópolis», disse Bolsonaro, citado pela Globo. «Vamos colaborar para acabar com o sofrimento dessas famílias».

A cidade devastada declarou luto oficial durante três dias nesta região, assim como estado de calamidade pública, numa altura em que as chuvas continuam a cair, o que irá dificultar o trabalho dos bombeiros no terreno, que já enfrentavam dificuldades para chegar ao ponto principal do deslizamento, devido à elevada quantidade de destroços pelas ruas e vielas do local.

«A minha casa foi toda soterrada, perdi dois filhos, minha mãe foi soterrada. O meu irmão e os vizinhos salvaram-nos. Ficámos quase duas horas soterradas. Os vizinhos tiraram a gente na mão. Tudo quanto é lixo estava em cima da gente», disse a dona de casa Jussara Aparecida Luiz, que teve a casa atingida pelo deslizamento e foi soterrada com sete parentes, citada pelo jornal brasileiro. «Era só gritar. Gritava muito e parecia que ninguém ouvia meus gritos. Teve momentos em que sentia que ia ficar para sempre ali», confessou.