O Financial Stability Board (FSB), que reúne reguladores de 24 países e jurisdições, alertou que o mercado de criptomoedas em “rápida evolução” pode chegar rapidamente a um ponto em que se torna uma “ameaça à estabilidade financeira global”, devido ao seu tamanho, vulnerabilidades estruturais e laços crescentes com o sistema financeiro tradicional.
O relatório examina os desenvolvimentos e vulnerabilidades associadas a três segmentos de mercados de ativos criptográficos: ativos criptográficos não rastreados (como Bitcoin); moedas estáveis; e finanças descentralizadas (DeFi) e plataformas de negociação de ativos criptográficos. O relatório observa o inter-relacionamento próximo, complexo e em constante evolução entre estes três segmentos, que precisam, defende, de ser considerados de forma holística ao avaliarem-se os riscos relacionados com a estabilidade financeira.
O alerta fica dado: “Os riscos de estabilidade financeira podem aumentar rapidamente”, disse o grupo nesta última semana. Até porque, “se a atual trajetória de crescimento em escala e interconectividade de criptoativos para essas instituições [bancos] continuar, isso pode ter implicações para a estabilidade financeira global”.
O organismo – que se mostra alarmado – chegou a fazer uma comparação com os negócios vinculados ao mercado imobiliário que ajudaram a desencadear a crise financeira de 2008. “Como no caso da crise das hipotecas nos EUA, uma pequena quantidade de exposição conhecida não significa necessariamente uma pequena quantidade de risco, principalmente se houver falta de transparência e cobertura regulatória insuficiente”, escreveu.
Recorde-se que o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou recentemente um estudo sobre este tema. Na apresentação, a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, admitiu que ainda “está tudo numa fase de experimentação” mas “os bancos centrais estão a arregaçar as mangas e a familiarizarem-se com os bits e bytes do dinheiro digital”.
E admitiu que, apesar de não se saber a rapidez desta transformação, a moeda digital se for projetada com prudência “pode oferecer mais resistência, mais segurança, maior disponibilidade e custos mais baixos do que as formas privadas de dinheiro digital”.