Um estudo produzido pelo projeto europeu Ready4H2 (Ready for Hydrogen), em que participa a GGND (Galp Gás Natural Distribuição), estima que o investimento nas redes de distribuição de gás europeias para receber e distribuir hidrogénio permite poupanças anuais em infraestruturas energéticas no valor de 41 mil milhões de euros, quando comparado com a alternativa de desenvolvimento de infraestruturas de eletricidade.
Em comunicado divulgado esta segunda-feira, a GGND refere que esta conclusão evidencia "o enorme impacto positivo que a aposta nas redes existentes de gás terá numa solução global para a transição energética".
O estudo da Ready4H2, iniciativa que conta com mais de 90 distribuidoras de gás de 17 países europeus, comparou o investimento que as redes de gás atuais exigem para receber e distribuir hidrogénio com o desenvolvimento de infraestruturas de eletricidade, no período entre 2031 e 2050.
“Num cenário de descarbonização que inclui volumes significativos de hidrogénio e metano verde, a estimativa é a de que o custo da primeira opção seja inferior em cerca de um terço ao cenário alternativo, resultando por isso numa poupança anual média de 41 mil milhões de euros. A rede local de gás facilitará, assim, um mercado de hidrogénio competitivo, traduzindo-se em mais hidrogénio para os utilizadores, a um custo inferior”, afirma Peter Kristensen, presidente da Ready4H2, cita a nota.
De acordo com a GGND, em março de 2020, um estudo da empresa AFRY, pedido pela Associação Portuguesa de Empresas de Gás Natural (AGN), com a colaboração da GGND (Galp Gás Natural Distribuição) e da REN/Portgás, chegou a uma conclusão semelhante para a realidade portuguesa. "Verificou-se que o caminho da eletrificação total acarretaria um sobrecusto de 9 mil milhões de euros para a economia nacional", indica, acrescentando que o mesmo estudo "refere que o caminho da descarbonização do sistema energético português até 2050 deve ser feito através dos 'zero-carbon gases' e da consequente utilização das infraestruturas de gás".
A empresa, que gere a distribuição de gás natural em nove concessões regionais portuguesas, salienta ainda que as redes de distribuição de gás em Portugal e em toda a Europa estão prontas para a conversão para hidrogénio, "representando uma via flexível e de baixo custo para a neutralidade carbónica, respondendo, ao mesmo tempo, aos desafios do futuro sistema energético".
O primeiro estudo da Ready4H2, divulgado em dezembro de 2021, já tinha concluído que a larga maioria (96%) dos gasodutos europeus de distribuição de gás, que abastecem 67 milhões de lares, empresas e indústrias, já pode proceder ao transporte de hidrogénio.
Armazenamento e gestão eficiente de energia
Este segundo relatório divulgado pela Ready4H2 aponta igualmente que a infraestrutura de gás "é fundamental para assegurar um fornecimento de energia seguro e fiável em períodos de condições climáticas adversas, como a ausência de vento ou a nebulosidade, que afetam a distribuição de fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica".
Assim, "as instalações de armazenamento subterrâneo de grande dimensão ligadas às redes de hidrogénio possibilitam uma capacidade de armazenamento rápida e duradoura, garantindo a continuidade do fornecimento de energia", frisa a GGND.