Álvaro Sobrinho, antigo diretor do Banco Espírito Santo em Lisboa e do banco BES Angola, e Hélder Bataglia, fundador do Grupo Escom, o braço não financeiro do Grupo Espírito Santo em Angola, são dois dos nomes que integram a lista com mais de 100 clientes de nacionalidade portuguesa apanhados nos chamados Suisse Secrets, uma investigação que revela casos de abertura de contas na Suíça, neste caso no Credit Suisse, para esquemas de lavagem de dinheiro.
A informação, que foi avançada pelo Expresso, surge na sequência de uma fuga de informação partilhada pelo jornal Süddeutsche Zeitung com o consórcio OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project).
Os ficheiros da investigação incluem 12 contas de que Álvaro Sobrinho foi beneficiário e dez no caso de Bataglia, sendo que os dois tiveram três contas partilhadas no Credit Suisse, e uma delas era titulada por uma companhia offshore envolvida no esquema de desvio de dinheiro do Banco Espírito Santo Angola (BESA).
Da lista de clientes com nacionalidade portuguesa, os dois empresários luso-angolanos são os únicos visados pela Justiça, ao estarem a ser investigados em dois processos-crime em Portugal: na Operação Monte Branco, relacionada com um esquema de lavagem de dinheiro; e num inquérito-crime sobre a apropriação de centenas de milhões de euros no BESA, caso que remonta à época em que Sobrinho era presidente executivo do banco e Bataglia fazia parte da sua administração.
No centro do esquema investigado na Operação Monte Branco está uma pequena firma suíça de gestão de fortunas fundada em 2009, a Akoya Assets Management, detida por Sobrinho e Bataglia, em parceria com três ex-gestores de contas do UBS, Michel Canals, Nicolas Figueiredo e José Pinto, e que geria a circulação de dinheiro nas contas de ambos no Credit Suisse.
Além dos dois empresários, estão ainda envolvidos nos Suisse Secrets uma dezena de imigrantes na Venezuela, duas dezenas de chineses e ainda dezenas de cidadãos africanos com dupla nacionalidade. Segundo o Expresso, há ausências nesta lista: Ricardo Salgado, que tinha contas no Credit Suisse, está de fora dos ficheiros.