Nicolás Maduro / Venezuela
Com o barril de petróleo a atingir preços acima dos 100 dólares, a Venezuela é um dos aliados estratégicos mais importantes da Rússia neste momento. O país guarda as maiores reservas de petróleo do mundo, e desde a chegada ao poder de Hugo Chávez, em 1999, que se tem aproximado ao longo dos anos do Governo russo. Aliás, enquanto a maior parte do mundo Ocidental condenava as ações de Putin e a iminente invasão, Maduro mostrava o seu apoio ao Presidente russo, denunciando as ações da NATO, que, acusou, “está acostumada a fazer o que quer no mundo”.
A Venezuela e a Rússia assinaram, aliás, um acordo de cooperação militar. De visita a Caracas, nos últimos dias, o vice-primeiro-ministro russo Yuri Borisov assinou o acordo que, classificou Maduro, “confirmou o caminho para uma poderosa cooperação militar entre Rússia e Venezuela para defender a paz e a soberania”.
Sobre a escalada de tensões entre a Ucrânia e a Rússia, em declarações aos jornalistas, Maduro não hesitou em afirmar que “a Venezuela está com Putin, está com a Rússia, está com as causas corajosas e justas do mundo, e vamos aliar-nos cada vez mais”.
Xi Jinping / China
Enquanto o mundo esperava em suspense pelo início oficial do conflito armado entre a Ucrânia e a Rússia, a China, um dos principais aliados internacionais de Putin, manteve-se discreto, sem grandes expressões de apoio ao seu aliado russo. Isto apesar de, a 4 de fevereiro, os dois países terem assinado um contrato que garantia o fornecimento – por parte da russa Gazprom – de mais 10 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano à estatal chinesa de energia CNPC, através de um novo gasoduto que será construído entre os dois países. O contrato vigorará ao longo dos próximos 30 anos, e os chineses pagarão aos russos em euros. Este é um dos detalhes mais importantes deste mastodôntico acordo, já que implicará uma sólida fonte de financiamento para os russos, face às sanções económicas do Ocidente.
Recorde-se que a Rússia já envia gás para a China através do gasoduto Power of Siberia, que começou a funcionar em 2019, a que se junta o gás natural líquido. Em 2021, os russos exportaram 16,5 mil milhões de metros cúbicos de gás para a China.
Os chineses preferiram evitar o termo ‘invasão’ para designar o que se passa na Ucrânia, pedindo a todos os lados “contenção para evitar que a situação fique fora de controlo”.
Le Pen, Salvini e Bolsonaro
Os aliados de Putin não vêm só do lado esquerdo do espetro político. À direita, na Europa, há dois nomes que têm sido várias vezes associados ao líder russo. Marine Le Pen, líder da Frente Nacional em França, tem estado envolta em polémica nos últimos anos por isso. Le Pen é acusada de ter recebido empréstimos no valor de 11 milhões de euros provenientes de bancos russos, em 2014. Por sua vez, também Matteo Salvini, líder da Liga, em 2019, terá conquistado apoios vindos do regime russo. Na altura, a plataforma Buzzfeed News noticiava que colaboradores de Salvini ter-se-ão encontrado secretamente com financiadores russos. Na altura, revelava a plataforma, uma petrolífera russa venderia três milhões de toneladas métricas de petróleo (aproximadamente 22 milhões de barris de petróleo) à italiana Eni, ao longo de um ano, por 1.3 mil milhões de euros. O dinheiro seria depois desviado para os cofres do partido italiano.
Recorde-se também que, à beira do conflito armado na Ucrânia, Jair Bolsonaro, Presidente do Brasil, visitou Putin, expressando o seu apoio aos russos. Porém, após as invasões na madrugada de quinta-feira, Hamilton Mourão, vice-presidente brasileiro, disse aos jornalistas que “o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano”.
Aleksandr Lukashenko / Bielorrússia
Se é certo que a Bielorrússia afirmou, ontem, que o seu exército não participará na invasão da Ucrânia, a realidade é que este país, liderado por Aleksandr Lukashenko há mais de 25 anos, é um dos mais fiéis aliados da Rússia, tendo até desempenhado um importante papel na colocação das tropas invasoras ao longo da fronteira que partilha com a Ucrânia. E mais, na manhã de quinta-feira, em declarações avançadas pela Reuters, que por sua vez cita a agência russa RIA, Lukashenko terá aberto a porta para que a Rússia e a Ucrânia mantenham negociações em Minsk, a capital da Bielorrússia.
Lukashenko e Putin tiveram uma conversa telefónica na madrugada desta quinta-feira, onde o presidente russo terá alertado o seu aliado bielorrusso que estaria prestes a dar início a uma operação militar contra a Ucrânia. A informação foi revelada pelo o gabinete presidencial de Belarrússia, sem que o Kremlin a tenha, no entanto, confirmado. “Por volta das 05h00 de hoje [quinta-feira] (2h00 em Portugal), ocorreu uma conversa telefónica entre os presidentes bielorrusso e russo”, informou a presidência bielorrussa em comunicado.
Miguel Díaz-Canel / Cuba
A par da China e da Venezuela, Cuba é um dos mais antigos aliados estratégicos da Rússia. A ilha das Caraíbas tem sido, desde os tempos quentes da Guerra Fria, um aliado a ferro e fogo dos russos, e, no tema da invasão da Ucrânia, os cubanos, apesar das lentas aproximações ao mundo Ocidental e democrático nos últimos anos, não hesitaram em expressar o seu apoio a Putin.
Ainda antes dos ataques russos na Ucrânia, na madrugada de quinta-feira, os cubanos acusavam a “determinação dos Estados Unidos de impor a expansão progressiva da NATO para as fronteiras da Federação Russa” como sendo “uma ameaça à sua segurança nacional e à paz regional e internacional”. Palavras do Ministério dos Negócios Estrangeiros cubano, citado em comunicado, pedindo “uma solução diplomática através de um diálogo construtivo e respeitoso”. Nessa mesma nota, os cubanos acusavam os norte-americanos de ameaçar “há semanas” a Rússia, manipulando “a comunidade internacional sobre os perigos de uma iminente invasão em massa da Ucrânia”, ao mesmo tempo que estavam, acusam os cubanos, a fornecer armas e a desdobrar tropas nos países vizinhos.
Jerónimo de Sousa / PCP
Firme nas suas convicções, o Partido Comunista Português, remando contra a maré das condenações emitidas pela vasta maioria dos partidos políticos em Portugal, manteve-se do lado dos russos nos momentos prévios à invasão à Ucrânia, preferindo apontar o dedo à NATO e aos Estados Unidos. A 22 de fevereiro, os comunistas acusavam em comunicado oficial: “A atual situação e seus desenvolvimentos recentes são inseparáveis de décadas de política de tensão e crescente confrontação dos EUA e da NATO contra a Federação Russa, nos planos militar, económico e político, em que avulta o contínuo alargamento da NATO e o sistemático avanço da instalação de meios e contingentes militares deste bloco político-militar cada vez mais próximo das fronteiras da Federação Russa.”
Mais, nesse mesmo comunicado, os comunistas acusavam a “perigosa estratégia de tensão e propaganda belicista promovida pelos EUA, a NATO e a UE”, apelando ao “desenvolvimento da ação em defesa da solução pacífica dos conflitos internacionais, pelo fim das agressões e ingerências do imperialismo”.
Reagindo aos bombardeamentos em várias cidades ucranianas por parte de forças russas, o PCP condenou a violência (e os EUA), mas não Putin.