A seca tem vindo a agravar-se e a produção de frutas e legumes pode ficar comprometida, no Norte do país, em breve. Mas os agricultores estão ainda mais preocupados com o verão, estação do ano em que o sistema de rega – que funciona duas ou três vezes por semana – trabalhará todos os dias.
Como o Nascer do SOL e o i noticiaram ontem, com a preocupação da escassez de água na ordem do dia, e a atual seca a confirmar a necessidade de mudança de paradigma na gestão de água no país, estão a ganhar pressão projetos para o reaproveitamento de águas residuais no país.
No Algarve, onde atualmente apenas dois dos 40 campos de golfe são regados com água proveniente de Estações de Tratamento de Águas Residuais – o campo dos Salgados e o da Quinta do Lago – há planos para passar, até 2025, de uma utilização de 1 hectómetro cúbico para 8 hectómetros cúbicos de aproveitamento de águas residuais para regra e limpezas, prevendo-se que o aproveitamento de água reciclada na região duplique já a partir do mês de julho.
Mas um dos projetos mais simbólicos está previsto arrancar na primavera na capital, sabe o Nascer do SOL: o Parque das Nações vai começar a aproveitar 1200 m3 de águas residuais tratadas para a rega de jardins, um projeto que implicou a construção de condutas próprias e arrancou em 2019, numa colaboração entre a autarquia e a Águas do Tejo e Atlântico. Em novembro, a empresa revelou estar a preparar a transformação das mais de 100 estações de tratamento de águas residuais (ETAR) que possui em fábricas de água, com tratamentos diferentes para cada uso, de regar à lavagem de estradas.
Por outro lado, é importante dizer que depois das primeiras reuniões, relativas ao Alentejo e ao Algarve, segue-se, dia 9 de março, a reunião da subcomissão Centro – Tejo, onde Castelo de Bode é uma das preocupações. Dia 10 terá lugar a reunião da subcomissão Norte, pela primeira vez com uma seca mais preocupante, e dia 16 a reunião do Centro – Vouga, Mondego e Lis. Só depois, numa data que ainda não foi tornada pública, vai reunir-se a comissão permanente de seca, que como o i noticiou esta semana, deverá prolongar a suspensão de produção de eletricidade nas cinco barragens da EDP onde foi interdita no início de fevereiro.
Importa lembrar que os cenários em cima da mesa para esta primavera são de que mais de metade do país venha a estar na situação de seca extrema, revelou ao i o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Isto porque embora se espere chuva em março e abril, prevê-se que se mantenha uma défice de precipitação, que tem sido aliás o mais comum nos últimos anos.
A 15 de fevereiro, data do último balanço, 91% do país estava em seca severa ou extrema, 38.6 % já em seca extrema, área que triplicou em 15 dias desde o final de janeiro.