O ambiente da conversa com os Linda Martini, numa manhã quente, com o sol a brilhar bem alto, num café em Santa Apolónia com vista para o Tejo, para debater o seu novo disco, Errôr, era muito descontraído.
O grupo recordava como foi criar música durante a pandemia e, entre risos, recordava como cada membro da banda teve de gravar um trecho da música Eu Nem Vi nos seus telemóveis, nas respetivas casas, enquanto cumpriam o isolamento.
Este descontraído ambiente não parecia indicar que, no dia anterior à entrevista, de uma forma algo inesperada, pelo menos para os fãs, os Linda Martini revelaram que o guitarrista Pedro Geraldes, um dos membros fundadores do grupo que conta quase duas décadas de existência, estaria de saída da banda, dias antes da estreia de Errôr, lançado na passada sexta-feira.
«A notícia ainda é muito recente, mas fiquei bastante emocionado com a forma como as pessoas acolheram a notícia, com o devido respeito por ambas as partes», confessou André Henriques, vocalista e guitarrista da banda. «No meio de todas as coisas boas e menos boas é preciso encontrar um caminho para continuar a partir desta encruzilhada. Vamos continuar, o Pedro continuará também e é importante que as coisas aconteçam assim», explicou.
Não só esta nova vida dos Linda Martini, enquanto trio, parece diferente, mas também o novo som que incutiram neste disco, mais tenso e pesado que o disco anterior, Linda Martini (2018), que acabou por ser contaminado pela realidade destes últimos dois anos, tanto pela pandemia, como pela realidade política de Portugal e da Europa, com o crescimento da extrema-direita nestas regiões.
«Nos discos anteriores já tínhamos bastantes referências a momentos que nos foram marcando, mas neste álbum fazemos mais do que um ‘piscar de olhos’. As músicas são muito mais diretas do que nunca e algumas parecem uma chapada de mão aberta», refere Cláudia Guerreiro, baixista do conjunto.
Em entrevista ao i, André Henriques, Cláudia Guerreiro e Hélio Morais, explicam que continuam com a mesma vontade de continuar a fazer música e dar concertos, especialmente de poder finalmente mostrar as novas músicas de Errôr, um dos discos com os dentes mais afiados da longa discografia da banda.