A temperatura interna no CDS-PP está a aquecer, e a corrida à presidência do partido – que vai a votos a 2 e 3 de abril em Lamego – tem um novo protagonista: após a apresentação da candidatura do eurodeputado Nuno Melo ao lugar máximo do partido, é a vez de Miguel Mattos Chaves, vogal da direção de Francisco Rodrigues dos Santos, apresentar-se oficialmente como candidato perante os militantes centristas.
O momento não é o melhor para o partido – afinal de contas, nas eleições legislativas de 30 de janeiro não elegeu qualquer deputado à Assembleia da República – mas Mattos Chaves quer fazer bandeira com a ‘prova de vida’ do CDS-PP. “Ao contrário do que gostam de afirmar certos jornalistas e comentadores, talvez por lhes dar jeito ideologicamente, o CDS-Partido Popular (CDS-PP) está bem vivo e estará”, começa por garantir o centrista numa publicação nas redes sociais, onde anuncia que na próxima semana apresentará em sessão pública, a realizar na sede nacional do partido, no Largo das Caldas, a candidatura a presidente do CDS-PP.
A data para o tiro de partida ainda está por marcar, mas em cima da mesa estão a próxima terça-feira, dia 15 de março, ou em alternativa a próxima sexta-feira, dia 18, estando o conselheiro nacional do CDS a aguardar uma decisão por parte da sede nacional, adiantou o próprio ao i.
A seu ver, a sua candidatura demarca-se da do eurodeputado Nuno Melo por uma “diferença substancial”. “Eu luto por projetos, por ideias e pelo CDS. Não luto por pessoas”, resume.
Apesar de rejeitar comentar a candidatura do adversário à liderança, não se abstém de lhe dirigir uma crítica: “O candidato que já existe, durante dois anos, não fez mais do que tentar destruir o CDS”.
Sem ainda levantar o véu relativamente a quem compõe as suas fileiras, revela ao i que tem vindo a colher apoios sobretudo junto dos militantes do partido. “Os apoios têm sido muitos, sobretudo das bases. Embora haja já dirigente distritais e concelhios que me manifestaram apoio. Mas os partidos vivem das bases. As direções vão e vêm, mas os partidos são dos militantes, apesar de em Portugal, não ser entendido assim”, afirma, considerando que essa é uma das razões que explica o atual momento de ”crise da democracia”.
Para Mattos Chaves, nesta altura está em causa uma “refundação” do CDS-PP. “Com fogo amigo e com as sondagens a indicar aos portugueses que deviam votar útil, acabaram a ser enganados. E, hoje, há muita gente com pena que o CDS não tenha representação parlamentar”, lamenta.
Depois da pesada derrota eleitoral nas legislativas, que deixou o CDS-PP fora do Parlamento pela primeira vez na sua história, agora, chega a hora de o partido fazer renascer das cinzas uma das forças políticas fundadoras da democracia, e para o vogal da Comissão Política Nacional centrista “não basta enunciar valores, tem de se dizer quais são”. E continua: “Não basta dizer que temos programas, temos de dizer que medidas é que propomos para Portugal e para os portugueses. É isso que tenciono fazer”.
Nas redes sociais escreveu que o CDS-PP “pode ser tudo, menos um Partido que morreu, como alguma autointitulada direita e a esquerda Social-Democrata (PSD) e Socialista (PS e aliados) gostariam”, não tivesse o partido, assim descreve, “a Presidência e o Governo de seis câmaras municipais, nas quais tem maioria absoluta; vereadores em mais de 48 câmaras municipais, em coligação; cerca de 1 400 autarcas em câmaras municipais, assembleias municipais e juntas de freguesia; a Vice-Presidência do Governo Regional dos Açores; a Presidência da Assembleia Regional da Madeira; representação no Parlamento Europeu; cerca de 40 000 militantes inscritos e uma juventude do partido com mais de 15 000 jovens inscritos”.
Mattos Chaves mostra-se seguro que a representação parlamentar perdida nas eleições legislativas de 2022 será “sem dúvida” recuperada daqui a quatro anos, garantindo que, mesmo sem ocupar uma única cadeira no hemiciclo, esse facto não impedirá o partido de “propor medidas para Portugal e para os portugueses”, nem de “fazer oposição à esquerda, do Governo, e aos seus aliados da extrema-esquerda”.
“O CDS-PP é o único partido que representa politicamente os anseios de milhões de portugueses que querem a liberdade política, social e económica, mas que querem essa liberdade protegendo os mais fracos e incentivando os mais capazes, pois todos são pessoas e todos são precisos para o desenvolvimento e para uma sociedade equilibrada”, conclui ainda o protocandidato à liderança centrista.