A cidade de Lviv, que à semelhança do resto do oeste da Ucrânia tem conseguido escapar ao pior da invasão russa, salvo bombardeamentos esporádicos, chegou ao seu limite de capacidade para receber refugiados, alertou o seu presidente da Câmara, Andriy Sadovyi, numa altura em que 200 mil deslocados estão nesta cidade, com uns 50 mil a passar diariamente pela sua estação de comboio.
“Pedimos a organizações humanitárias internacionais que venham cá e ajudem”, apelou Sadovyi, à Reuters. “Pelo que sabemos, vai haver outra vaga de refugiados”.
Não se trata de uma expetativa sem fundamento, com as forças russas a escalarem os bombardeamentos contra áreas residenciais. Aliás, Volodymr Zelenky já jurou vingança pelo massacre de pelo menos oito civis, incluindo duas crianças e a sua mãe, que tentavam escapar de Irpin, uma localidade próxima de Kiev, apanhada no meio das manobras russas para cercar a capital.
“Eles estavam apenas a tentar sair da cidade. Escapar, a família inteira”, declarou o Presidente ucraniano, num vídeo gravado este domingo à noite, após a notícia ser avançada pelo New York Times, que filmava a fuga de centenas civis através dos restos de uma ponte no rio Irpin, destruída pelas forças ucranianas para travar os invasores. Até que um morteiro russo abriu fogo.
“Não vamos perdoar. Não vamos esquecer. Vamos punir todos os que cometeram atrocidades nesta guerra”, continuou Zelensky. “Não haverá nenhum lugar sossegado nesta Terra para vocês. Excepto a sepultura”, prometeu.
Já o novo plano da Rússia para abrir corredores humanitários – este fim-de-semana prometeram por duas vezes um cessar-fogo temporário em Mariupol, para permitir a fuga dos civis presos nesta cidade cercada, que nunca cumpriram – foi rejeitado por Kiev.
O Governo de Zelensky considerou esta oferta “completamente imoral”, mostrando-se furioso que as rotas de fuga previstas no plano do Kremlin fossem todas dar à Rússia à Bielorrússia, sua aliada. A ideia era que civis de Kharkiv e Sumy fossem parar à cidade russa de Belgorod, os de Kiev a Gomel, na Bielorrússia, e que os habitantes de Mariupol fossem para Rostov do Don, na Rússia.
Entretanto, o Kremlin não tem demonstrado grande preocupação com a população, com o Governo ucraniano a acusar os bombardeamentos russos de estarem a impedir que civis fujam de seis cidades – às mencionadas acima somam-se Volnovakha e Mykolayiv.
Esta última cidade, na costa do Mar Negro, ainda esta segunda-feira repeliu um assalto das forças russas, que tentavam tomar o aeroporto, resultando numa feroz batalha entre tanques, avançou o New York Times. Ouviram-se explosões por toda a cidade, enquanto civis se escondiam em caves e abrigos.