A escalada de preços da energia que tem vindo a afetar várias empresas, pode levar a que o Governo faça regressar o layoff simplificado. Quem o admitiu foi o secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves.
“Ainda não tem muito significado em Portugal, mas obviamente que algumas atividades, a manter-se a esta situação, vão ter claramente muitas dificuldades em manter a sua produção aos níveis que tinham”, começou por dizer aos jornalistas à margem de uma visita às empresas portuguesas presentes na feira de calçado MICAM, em Milão. E garantiu: “Nós vamos também adaptar os mecanismos de suporte em termos de emprego a essa circunstância, nomeadamente usando os mecanismos de layoff que já existem no Código de Trabalho e, tal e qual como durante a pandemia, ir ajustando as medidas àquilo que são as necessidades”.
O governante lembrou que atualmente já existem “algumas atividades já com o mercado suspenso na Europa” com empresas que são intensivas em energia a sofrerem “consequências de ter custos de produção que não são compatíveis com os preços de colocação no mercado dos produtos”.
A situação, diz, ainda não se verifica em Portugal mas “em função das decisões que a Comissão Europeia vai ter no final desta semana”, existirá a “possibilidade de ter outros instrumentos, como na pandemia”, nomeadamente “apoios a fundo perdido, diretos, às situações onde o impacto dos custos de energia é mais significativo”.
Recorde-se que ainda este fim de semana, o ministro da Economia anunciou o lançamento de uma linha de crédito de 400 milhões de euros com o objetivo de ajudar as empresas devido ao aumento dos preços da energia.
“Não temos, neste momento, dificuldades de abastecimento” nos setores alimentar nem energético, disse Pedro Siza Vieira, admitindo, no entanto, que os portugueses vão, “obviamente, ver um impacto grande nos preços”. “Temos de estar preparados para isso”, alertou, acrescentando ainda que o país tem “stock para algumas semanas em todos os bens que são críticos” e que o Governo está a “procurar reforçar esses stocks e diversificar as fontes de abastecimento para além da tradicional Ucrânia”.