Foi sem grande surpresa que, um mês antes da primeira volta das eleições francesas, que irão decorrer no dia 10 de abril, uma nova sondagem da ELABE para a BFMTV, publicada na terça-feira, indica que Emmanuel Macron é o grande favorito ao Eliseu.
Macron subiu 8,5 pontos percentuais nas intenções de voto nas últimas semanas, perfazendo agora 33,5% das intenções dos eleitores e, segundo especialistas, este aumento poderá estar associado à atuação do Presidente francês em relação à invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
Macron tem sido um ativo mediador no conflito, falando frequentemente com Volodymyr Zelensky, o Presidente ucraniano, mas sendo também um dos raros líderes ocidentais que fala ainda com Vladimir Putin, o Presidente russo.
Uma média das sondagens elaboradas pelo coletivo Europe Elects não dá uma subida tão alta a Macron, mas revela um aumento do número de franceses que pretendem votar no Presidente, com uma média de 27,8% das preferências.
As eleições francesas vão desenrolar-se em duas voltas, a primeira a 10 de abril e a segunda a 24 de abril, havendo 12 candidatos na corrida ao Palácio do Eliseu. A campanha eleitoral arranca a 28 de março, apesar de os candidatos já estarem na estrada.
Numa primeira ação de campanha, Emmanuel Macron disse esta semana que não vai participar em debates na primeira volta das eleições, tal como outros presidentes que se recandidataram. «Prefiro debater com os franceses, devo-lhes isso», declarou Macron.
Le Pen 'traída'
No segundo lugar, segundo a sondagem ELABE, continua Marine Le Pen, da extrema-direita, com 15% dos votos. Contudo, esta semana, houve motivo para tudo menos para celebrar no gabinete da candidata.
Marion Marechal Le Pen, sobrinha da líder do partido Reagrupamento Nacional, revelou que não irá apoiar a sua tia nas eleições presidenciais, mas sim o seu rival, Eric Zemmour, do partido Reconquista.
Marion, de 32 anos, neta de Jean-Marie Le Pen, uma das principais figuras da extrema-direita francesa, fundador da Frente Nacional e pai de Marine Le Pen, afirmou que partilhava a visão de Zemmour de que o país está a enfrentar uma «batalha de civilizações», citando questões como a «migração, cultura e demografia», disse à revista Valeurs Actuelles.
Esta não é a primeira deserção do Reagrupamento Nacional. Em janeiro, os eurodeputados Gilbert Collard e Jérôme Rivière, eleitos pelo partido de Marine Le Pen, anunciaram que se juntavam a Zemmour, com Collard a tornar-se mesmo porta-voz do candidato, enquanto, em fevereiro, o ex-porta-voz da candidata de extrema-direita, Nicolas Bay, revelou que, agora, é apoiante do seu rival.
Acusações de Zemmour
Zemmour, que combate Le Pen no seu próprio campo, o da extrema-direita, e parecia encaminhado para com ela disputar o segundo lugar das eleições, surge nestas sondagens da ELABE no quarto lugar, após ter sido destronado por Jean-Luc Mélenchon, do partido de esquerda França Insubmissa.
Esta semana surgiram acusações que podem colocar a campanha de Zemmour em risco, depois de oito mulheres o terem acusado de assédio sexual, segundo uma reportagem publicada esta terça-feira pelo meio de comunicação Mediapart.
As oito mulheres que aceitaram falar e dar a cara nesta investigação descreveram situações em que Éric Zemmour se aproveitou do seu estatuto para tentar intimidá-las ou forçá-las a ter relações sexuais com ele.
As agressões terão ocorrido entre 1999 e 2019, enquanto Zemmour era jornalista no Le Figaro, mas também na televisão iTélé. Contudo, ainda nenhuma destas mulheres apresentou queixa contra o agora candidato.
Os autores da investigação tentaram contactar Zemmour, ainda em dezembro, mas o candidato disse que não fala da sua vida privada. A sua campanha qualificou a investigação como «patética».