Governo age contra grupo que queimou homem de Tigré

Um grupo que está a ser associado ao governo da Etiópia é acusado de matar 11 civis inocentes.

Um vídeo publicado esta semana e que tem provocado indignação pelo mundo fora mostra um grupo de homens na Etiópia a matar vários semelhantes a sangue-frio.

Das onze pessoas mortas em Ayisid Kebele, na região de Meketel, dez foram fuziladas enquanto a última vítima foi queimada viva. Entre os mortos, nove eram de etnia do Tigré.

O governo da Etiópia reagiu a este vídeo e afirmou que iria agir contra os criminosos e investigar a origem do crime.

«Um ato horrível e desumano foi cometido recentemente… Numa série de imagens horríveis que circularam nas redes sociais, civis inocentes foram queimados até a morte», dizia o comunicado, apesar de não referir quem foram os responsáveis.

«Independentemente de sua origem ou identidade, o governo tomará medidas legais contra os responsáveis por este ato grosseiro e desumano», podia ler-se no comunicado divulgado pelas autoridades etíopes.

No vídeo, alguns dos homens na multidão estão vestindo uniformes militares etíopes, bem como uniformes de outras forças de segurança regionais.

O porta-voz militar Coronel Getnet Adane e o porta-voz do governo Legesse Tulu não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

 

Acusações mútuas

A Comissão Etíope de Direitos Humanos identificou os perpetradores deste ataque como forças de segurança do Governo, um grupo armado não identificado que também atacou um comboio civil e a sua escolta militar na região de Benishangul-Gumuz, no dia 2 de março, matando 53 pessoas.

As autoridades etíopes e eritreias já tinham sido acusadas de cometer crimes de guerra e contra a humanidade em Tigré, um alerta feito pela Human Rights Watch, que fala em limpeza étnica, massacres em larga escala e violência sexual generalizada.

Contudo, a Comissão Etíope dos Direitos Humanos aponta também o dedo aos rebeldes do Tigré, autores de atos de «violência sexual e sexista generalizados, cruéis e sistemáticos, nomeadamente violações coletivas, contra mulheres de diferentes idades, incluindo meninas e idosas, em certas partes de Afar e Amhara sob o seu controlo».

Os rebeldes são ainda acusados de realizarem «raptos e desaparecimentos forçados de uma forma que constitui crimes de guerra e crimes contra a humanidade».

«O abuso sexual e a exploração sexual das mulheres, por exemplo, é uma utilização sistemática para as forças do Tigray alcançarem o seu objetivo de guerra», explica Daniel Bekele, chefe desta Comissão, acrescentando ainda que «pelo menos 400 civis foram mortos e muitos foram feridos pelas forças envolvidas na guerra. 309 civis sofreram ferimentos. Em particular, pelo menos 346 civis foram mortos, principalmente pelas forças de Tigré».

Num relatório recente sobre a situação dos direitos humanos nas regiões de Amhara e Afar, a comissão etíope alegou que pelo menos 750 civis foram mortos em ataques ou em execuções extrajudiciais desde julho do ano passado.

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