Mesmo com descida dos combustíveis, gastos sobem 1.986 milhões face a janeiro

As contas são de Eugénio Rosa e têm em conta a redução, a partir de hoje, de 13 cêntimos da gasolina e 17 cêntimos do gasóleo.

A partir desta segunda-feira os combustíveis vão baixar. É a primeira descida após várias semanas consecutivas de aumentos e acontece depois de os preços terem atingido máximos históricos no país. O preço da gasolina deverá descer cerca de 13 cêntimos por litro e do gasóleo deverá cair 17 cêntimos por litro. O Governo decidiu não subir o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) aplicado ao gasóleo e à gasolina.

Mas, apesar desta redução, Eugénio Rosa fez contas e garante que os portugueses vão mais 1 986 milhões de euros face aos preços que vigoravam em janeiro de 2022, “revertendo, deste valor a mais, 985,6 milhões para as empresas e 996,1 milhões para o Estado”, levando-o a apontar o dedo ao Executivo. “O Governo continua a recusar controlar os preços que está na lei”.

E o economista recorda as declarações do ministro Matos Fernandes de que o Governo não iria controlar as margens de comercialização das petrolíferas. “É uma prova da submissão do Governo aos grupos económicos e já uma consequência da arrogância de um governo de maioria absoluta que se vê como não tem de prestar contas aos portugueses”.

Grandes beneficiários da guerra Para Eugénio Rosa, o grande beneficiário com a guerra e com as sanções são os Estados Unidos, ao recordar que os principais produtores de petróleo e de gás do mundo são, em primeiro lugar, os Estados Unidos e, em segundo, a Rússia. Já os principais fornecedores da Europa de gás são a Rússia com 41% do gás importado pelos europeus, mas há países europeus em que dependência é ainda maior (na Alemanha cerca de 50%, na Hungria, na República Checa e Finlândia é superior a 80%). Em relação ao petróleo a dependência da Europa da Rússia atinge uma média de 34% do petróleo importado pelos países europeus (mas na Lituânia e Finlândia é superior a 80%, e na Polónia atinge 58%). “A dependência da Europa em relação aos EUA é muito menor, até porque este importa também, embora pouco, petróleo e gás da Rússia”, salienta.

Face a esse cenário, o economista defende que o objetivo da estratégia americana é eliminar o concorrente russo e transferir a dependência da Europa face à Rússia para os Estados Unidos. “Para isso era importante engendrar um pretexto para que o autocrata russo desencadeasse uma guerra que levasse a Europa e outros países a proibir as relações comerciais com a Rússia, eliminando assim este forte concorrente e provocando um significativo aumento dos preços do barril de petróleo e do gás nos mercados internacionais, tornando altamente rentável as empresas americanas deste setor, criando as condições para o seu florescimento”.

E vai mais longe: aumenta “o seu domínio total sobre estes países e aumentando a sua força para enfrentar a China, que a atual administração americana considera como o seu principal ‘inimigo’ devido ao seu crescente poderio económico que põe em risco a supremacia dos Estados Unidos no mundo”.