Um homem de 52 anos foi acusado pelos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver de um outro homem em março de 2021. O crime ocorreu em Figeuriró dos Vinhos, no distrito de Leiria, de acordo com o despacho da acusação, consultado esta terça-feira pela agência Lusa.
O arguido, detido preventivamente, está também acusado de dois crimes de detenção de arma proibida, incorrendo na pena acessória de interdição de detenção, uso e porte de armas.
Segundo o despacho do Ministério Público (MP), o arguido, em data não apurada mas antes de 31 de março, "formulou o propósito de matar o ofendido", seu conhecido e "pessoa em relação à qual, por motivos não concretamente apurados, nutria sentimentos de inimizade".
Para realizar esta ação, o homem, que não é titular de uma licença de uso e porte de arma, "muniu-se de uma pistola semiautomática (…) transformada em arma de fogo por adaptação a partir da arma original que era uma pistola de alarme e/ou de gás e de, pelo menos, três munições".
De acordo com o MP, "de modo a conhecer as rotinas" da vítima, o arguido, nos quatro sábados anteriores a 31 de março, abordou a proprietária de um estabelecimento que era diariamente frequentado pelo ofendido "questionando-a acerca das horas" a que este aí se deslocava, tendo conseguido obter essa informação.
A 31 de março, o suspeito telefonou ao ofendido, para dizer que "precisava de ajuda para retirar uma viatura" atolada numa zona florestal do concelho de Figueiró dos Vinhos, tendo a vítima deslocado-se até lá num trator.
Já no local, quando o ofendido ainda se encontrada sentado no trator, o agressor efetuou três disparos que atingiram a vítima. Dois dos disparos foram feitos com a vítima de coisas, tendo um deles atingido a cabeça e o outro a região lombar. O último tiro atingiu o maxilar.
Posteriormente, o suspeito "enrolou à volta" do pescoço da vítima "uma corda que apertou com força e desferiu diversas pancadas na cabeça" com uma machada que estava no trator.
Para impedir a descoberta do corpo, explica o MP, o arguido colocou o cadáver no declive inferior de um caminho florestal e cobriu-o com ramos de eucalipto e destravou e desengatou o trator, de modo a que este deslizasse por um caminho de terra batida e declive atenuado.
Além disso, para afastar suspeitas, o arguido enviou duas mensagens de texto do telemóvel da vítima para outra pessoa e, no dia seguinte, de modo a poder "eliminar vestígios por si deixados", regressou ao local com combustível e limpou partes do trator.
Já relativamente à arma, o arguido lançou-a "para a barragem do rio Zêzere, em Foz de Alge", tendo ainda partido o telemóvel do indivíduo, colocando-o num caixote do lixo. O detido queixou ainda as roupas que usou no dia dos crimes na lareira de sua casa.
O corpo da vítima foi descoberto a 2 de abril pela GNR.
Para o MP, o arguido agiu "com uma total insensibilidade e indiferença pela vida do ofendido, de forma fria e calculista".
Está previsto que o julgamento, por um coletivo de juízes, comece no dia 22 de junho, no Tribunal Judicial da Marinha Grande.