Com maior afluência, aumentam as “altas por abandono”

Monitorização do Ministério da Saúde mostra o movimento no dia a dia das urgências.

Com o aumento da afluência às urgências, um número que também aumenta é o de doentes triados que acabam por se ir embora a meio do atendimento, tendo alta por abandono. Esta semana, na segunda-feira e na terça-feira, segundo os dados ontem disponíveis na plataforma de monitorização de urgências do Serviço Nacional de Saúde, passaram pelas urgências dos hospitais 41 438 pessoas e houve 2367 altas por abandono, mais de 5% do total de episódios nas urgências. Estes casos acabam por ser quase tantos como os de doentes que acabam por ser internados, e são uma das realidades também diárias nos serviços de urgência.

{relacionados}

A plataforma de monitorização da atividade de urgências do Ministério da Saúde mostra o movimento quotidiano das urgências. Nestes mesmos dois dias, 2542 doentes precisaram de ser internados e mais de 8 mil estiveram na urgência por um período igual ou superior a seis horas. Cerca de 49% das pessoas atendidas nas urgências foram triadas com pulseiras verdes, azuis ou brancas, uma proporção que varia consoante os hospitais mas que continua a representar uma parte significativa da procura.

E numa proporção que não diminuiu durante a pandemia. A monitorização da Administração Central do Sistema de Saúde mostra que apesar de as idas às urgências terem diminuído expressivamente nos últimos dois anos face ao que era o histórico pré-pandémico, a proporção de doentes não urgentes não baixou: em 2019, 41,8% dos doentes nas urgências foram triados com pulseiras verdes azuis e brancas, tendo subido para 42,5% em 2020 e 44,1% no final de 2021. O ano passado terminou com um total de 5.196.146 atendimentos nas urgências, uma subida face aos 4.552.704 de 2020, mas ainda aquém do pré-pandemia, quando se registavam anualmente mais de 6 milhões idas às urgências. Procura que a manter-se a atual trajetória poderá ser recuperada este ano.

A contribuir para a maior afluência deste mês de março nos hospitais, onde se registou o valor mais elevado de procura na segunda-feira, estará o aumento de infeções respiratórias, ao nível do que acontecia no início das épocas gripais antes da pandemia de covid-19, cujas medidas de mitigação têm sido associadas a um maior controlo de outros vírus nos últimos dois anos. Os episódios relacionados com infeções respiratórias têm representado mais de 10% dos atendimentos nas urgências nos últimos dias.