A ‘mais séria provocação’ da Coreia do Norte

A Coreia do Norte lançou o maior míssil balístico até à data, uma ação que está a ser interpretada como um aviso para países como os Estados Unidos, Japão ou Coreia do Sul.

Relatos de militares do Japão e da Coreia do Sul denunciam que a Coreia do Norte de Kim Jong-un lançou o maior míssil balístico intercontinental até à data.

Numa altura em que o mundo acompanha a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, a ação da Coreia do Norte está a ser considerada como a «mais séria provocação» do regime, escreve o Guardian.

«Num momento em que o mundo está a prestar a atenção e a preocupar-se com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Coreia do Norte está a avançar com lançamentos que agravam unilateralmente as provocações contra a comunidade internacional, o que é absolutamente imperdoável», disse Oniki.

Analistas explicam que a frequência sem precedentes com que estes testes têm acontecido ao longo deste ano é um sinal claro de que Kim Jong-un está determinado a consolidar o estatuto da Coreia do Norte como «potência nuclear», escreve o jornal inglês, explicando que esta postura poderá permitir que o líder do país aborde quaisquer futuras negociações nucleares com os Estados Unidos a partir de uma posição de força.

«Apesar dos desafios económicos e contratempos técnicos, o regime de Kim está determinado a avançar com as suas capacidades de mísseis», disse ao jornal inglês o professor de estudos internacionais da Ewha Womans University, em Seul, Leif-Eric Easley. «Seria um erro para os legisladores de políticas internacionais pensar que a ameaça dos mísseis norte-coreanos pode ser colocada em segundo plano enquanto o mundo lida com a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia».

Mas os avisos não são apenas para os Estados Unidos: os vizinhos da Coreia do Sul também podem estar entre os visados.

«Se o lançamento do míssil for um ICBM, isto poderá ter um enorme impacto na segurança do nordeste da Ásia», disse à Al Jazeera o analista de segurança da Universidade Hannam, em Daejeon, Kim Jong-ha, recordando que o novo Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, prometeu adotar uma linha mais dura contra Pyongyang, assim que tomar posse em maio.

«Se a Coreia do Norte continuar a realizar estas provocações, é esperado que [a administração de Yoon] tome uma decisão rápida e compre um arsenal de armas adicionais, como a implantação do THAAD, mesmo que isso crie atrito com a China», esclareceu o analista, referindo-se ao sistema de defesa antimísseis balísticos dos Estados Unidos.

O lançamento efetuado esta quinta-feira foi o 13.º deste ano, um número recorde. De acordo com Washington e Seul, Pyongyang está a testar um novo míssil balístico intercontinental, chamado Hwasong-17, alegadamente com maior alcance e poder destrutivo.

Segundo o Ministério da Defesa do Japão, o projétil disparado esta quinta-feira caiu na zona económica exclusiva marítima do Japão.

«As nossas análises indicam que o míssil balístico voou durante 71 minutos e caiu cerca das 15h44 [06h44 em Lisboa] na zona económica exclusiva, no mar do Japão, a cerca de 150 quilómetros a oeste da península de Oshima», ilha norte de Hokkaido, declarou o n.º2 do Ministério da Defesa, Makoto Oniki, acrescentando que podia tratar-se de um míssil balístico intercontinental (ICBM).

Caso as suspeitas do Japão se confirmem, este é o primeiro lançamento, desde 2017, com a capacidade total dos maiores mísseis do regime e um sinal de que a Coreia do Norte fez um progresso significativo no desenvolvimento de armas com capacidade para lançar ogivas nucleares em qualquer ponto dos Estados Unidos, escreve o jornal inglês.