Ir ao café e encontrar alguém conhecido dos tempos da adolescência pode ser um episódio banal. Já aconteceu a todos. A típica conversa de ocasião, recordar algum episódio ou alguém, pôr uma ou outra novidade em dia… O normal. Quer dizer, neste caso concreto, não. E não era logo à partida possível, porque uma das protagonistas levava consigo a filha.
Ao ver a amiga – que estava sozinha numa mesa – dirigiu-se até ela, mas não demorou até que a mais pequena, do alto dos cinco anos, no máximo, disparasse num sem fim de perguntas.
Quem é? Como se chama? E acompanhava o inquérito mostrando estranheza por não ter conhecido aquela senhora antes.
E a mãe lá ia respondendo e explicando: disse o nome, que tinham estudado na mesma escola… E a amiga continuou: «Éramos muito estudiosas para sermos as melhores alunas da turma. Também vais ter que ser». E depois ria-se à gargalhada, o que num polígrafo resultaria indiscutivelmente numa mentira como resposta e num google tradutor em qualquer coisa semelhante a: «Bons tempos, grandes festas, mas lá conseguimos cumprir, às vezes melhor, outras vezes pior». Mas se as perguntas até podem ter fim, os porquês nem por isso, sobretudo em idades como estas.
E enquanto a amiga continuava animadamente a recordar histórias, a mãe mandava insistentemente a filha comer – muito provavelmente com a mesma vontade que tinha de pedir à amiga para também terminar o seu pequeno-almoço.
Mas quanto mais pressa mostrava a mãe para seguir para o trabalho, mais aumentava a curiosidade e a fome da filha, que, ainda sem ter terminado o seu bolo, já mostrava apetite para o próximo.
A amiga mantinha a vontade de rir e continuava a recordar histórias passadas enquanto a mãe saiu disparada assim que conseguiu, contudo não sem antes prometerem combinar um jantar, ficando a primeira incumbida de contactar alguns dos restantes ex-colegas de turma.
Das duas, uma: ou a mãe já está a pensar se pode deixar a filha com os avós ou será mais um daqueles jantares que nunca vão acontecer…